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Villas-Boas arrasa direção de Pinto da Costa: ‘Assistiram impávidos e serenos’

André Villas-Boas, antigo treinador do FC Porto

André Villas-Boas marcou presença na Web Summit, onde foi confrontado com as cenas de violência que marcaram a Assembleia Geral Extraordinária do FC Porto.

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O potencial candidato à presidência azul e branca lamentou o sucedido assim como a postura passiva da direção.

“Estou invadido ainda pelas emoções, vou tentar responder com a seriedade associada ao FC Porto. O que se passou ontem foi absolutamente lamentável e uma derrota interna para os órgãos sociais do FC Porto, que assistiram impávidos e serenos a agressões e intimidações múltiplas de uma guarda pretoriana aos associados do FC Porto“, começou por dizer.

Peço sinceramente às autoridades, ao Ministério Público, ao Ministério da Administração Interna, ao IPDJ, ao Secretário de Estado do Desporto, que peça com urgência [as filmagens] das câmaras da vigilância do Estádio do Dragão, do Dragão Arena, e proceda a uma investigação das agressões e dos atos bárbaros que se passaram ontem à noite“, acrescentou.

Villas-Boas criticou ainda a falta de organização.

Desde credenciais passadas que não deviam ser passadas, não sócios do FC Porto, a uma total desorganização logística, que foi claramente evidente na passagem de uma sala que não tinha condições para receber todos os associados do FC Porto, para o Dragão Arena… É o reflexo de uma decisão que provavelmente o presidente da Mesa da Assembleia Geral [tomou], e que não tinha noção da quantidade de sócios e associados que íamos ter. Os associados ontem uniram-se em massa porque querem expressar os seus sentimentos, e foi-lhes impedido esse direito, de se expressarem livremente e em segurança“, referiu.

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O antigo treinador dos dragões espera não ver cenas destas voltarem a repetir-se.

Esta é uma AG extraordinária que agora está marcada para o dia 20, que não pode correr como esta correu, que deve correr com o cartão de associado do FC Porto, com a apresentação do cartão do cidadão, com a forma mais ordeira e segura possível para que as pessoas possam exprimir livremente o que pensam da proposta de alteração dos estatutos“, desejou.

Villas-Boas considera que o FC Porto está “refém de uma guarda pretoriana” e defende uma reflexão profunda sobre tudo o que aconteceu.

“As imagens que nós vimos ontem, de um miúdo com 19 anos, ao qual provavelmente é tirado o direito de voto, em choro e envergonhado com o seu clube, é o reflexo da situação que estamos a viver. Estamos reféns de uma guarda pretoriana que persiste em intimidar alguns sócios do FC Porto, que demonstram querer, em sua vontade, exercer o seu direito de voto, de se expressarem e de serem livres. Isto, no fundo, tem de terminar. Há uma reflexão profunda a ser feita do ponto de vista logística, da credenciação. Há também uma reflexão que o próprio Conselho Superior deve fazer, porque ontem também ficou evidente que a maior parte dos membros efetivos do Conselho Superior, dos quais algumas ilustres figuras públicas e políticas, não está presente“, disse.

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Villas-Boas voltou às críticas quanto à organização.

Será que a proposta deve persistir no tempo? A partir do momento em que uma AG está marcada para uma sala que leva 300 pessoas e estão lá 4 mil, a fazerem fila cá fora para tentarem entrar, e de repente mudamos para o Dragão Arena, como é que se quer que se faça a contagem daqueles sócios? Foi aí que decidi sair. Não há condições absolutamente nenhumas para proceder a uma AG onde se faz a contagem a olho, e a olhómetro, dos votos dos sócios. Principalmente com medidas onde não há regulamentação no registo, onde se passam pulseiras de um lado ao outro, onde se vivem momentos de intimidação evidentes. Cabia ao presidente da Mesa da Assembleia Geral chamar as autoridades para estarem presentes no Dragão Arena. Autoridades essas que circundavam o estádio. Decidiu não fazê-lo mas decidiu pôr termo à AG extraordinária quando alguns sócios foram vítimas de agressões pela segunda vez“, considerou.

O possível candidato aponta este acontecimento como uma derrota para o FC Porto.

Grande e profunda, uma ferida e uma mágoa profunda que estará na memória dos sócios para sempre. Não tenho qualquer dúvida. Cabe ao FC Porto responder com elevação, sentido democrático e encontrar-se nos seus valores, na sua ética, no respeito pelos seus associados e não permitir que uma AG extraordinária ou não extraordinária corra refém de uma guarda pretoriana que faz e desfaz da maneira que lhes apetece“, salientou.

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Na altura em que Villas-Boas falou, a direção do FC Porto ainda não se tinha pronunciado e, questionado para o motivo do silêncio, respondeu:

Não me cabe responder a isso, não posso responder pela direção do FC Porto. Isto, para mim, já se tornou num tema de anúncio ou não de candidatura, falo-vos enquanto associado do FC Porto, confrontado com o que vi ontem e com as imagens de um associado com 19 anos a chorar desalmadamente, fora as agressões que todos presenciámos, com o seu sentimento de vergonha pelo clube. É nesse sentimento de associado que vos falo, e sem discutir aqui potenciais candidaturas. O que se passou ontem é uma derrota para o FC Porto e lamento imenso que tenha sucedido“, acrescentando um pedido: “Espero sinceramente que a direção e os órgãos sociais tenham capacidade de, se querem levar avante a AG no dia 20, que procedam de forma ordeira, digna e ética, e onde os valores do FC Porto sobressaiam de forma positiva“, concluiu.

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