Na conferência de imprensa de antevisão ao jogo com o Portimonense, Sérgio Conceição abordou a polémica troca de galhardetes com Pinto da Costa. O treinador do FC Porto considera que as declarações que proferiu após a eliminação da Liga dos Campeões e que deram origem a esta polémica foram desvirtuadas.
“Vocês, no vosso trabalho, e aproveito já para dizer que estava com algumas saudades de estar aqui à vossa frente… Não digo isto com hipocrisia, digo isto com verdade. As conferências são importantes não só para falar sobre futebol, da minha equipa, do adversário… Vocês, como jornalistas, presumo que também têm reuniões – diárias ou durante a semana – com os vossos editores. Nós também, como treinadores, mal seria se não tivéssemos reuniões diárias ou conversas para irmos tratando do momento e dos problemas que vão surgindo ao longo da época, falando com o líder máximo do clube, o presidente. O que levantou tudo isto foi uma declaração minha no final do jogo com o Inter, onde eu tive afirmações factuais. Disse que tinham de dar valor à equipa, e estava a falar daquilo que era a imprensa, as pessoas, simpatizantes, amantes do FC Porto… Éramos e somos detentores dos últimos quatro títulos nacionais e, ao longo destes anos, convivemos com dificuldades no que diz respeito a segurar os melhores jogadores, e por isso é que são os melhores e são vendidos para outras ligas. Não estou a desvalorizar ninguém quando falo da formação. Vitinha e Fábio Vieira foram vendidos, o João Félix e o Gonçalo Ramos também eram da formação, o Diogo Costa… Provavelmente serão todos grandes vendas para os clubes. Do mercado nacional saíram jogadores extremamente interessantes como o Taremi, o Eustáquio, o Zaidu. Olho para o Sporting e têm o Pote, o Nuno Santos, que dão cartas. O Sporting tem 33% do mercado nacional de formação. Nós estamos um bocadinho mais baixos, e o Benfica tem acima de 50%. Isso é um facto. Eu não disse nada de extraordinário. Depois podem pegar nas minhas declarações e dizerem que são recados. Cabe à imprensa depois fazer algum atrito com a administração [do clube]“, afirmou.
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Conceição lembrou ainda um episódio das consequências que sofreu, pelo facto de as suas palavras terem sido desvirtuadas pela imprensa.
“Quando Lito Vidigal era treinador do Marítimo, tive a particularidade de dizer que ele não necessitava de outras formas, que não fossem pelo estilo defensivo que tinha, por queimar tempo, para fazer com que o tempo útil de jogo fosse baixo. Eles até podem fazer isso, que não acredito que façam porque o Lito tem outras armas que pode utilizar numa equipa para pontuar no Dragão. Se tiver de dar 10 minutos pode dar 10 minutos, o árbitro tem é de ver quanto tempo foi ‘queimado’ para dar a compensação no final. E não é que nesse jogo houve 10 minutos de compensação? E depois aconteceu o quê? Abriram-me um processo. Pegaram nas minhas palavras e levaram-nas… A dizer que tentei pressionar o árbitro. Sabia lá que o árbitro ia dar 10 minutos. E outra coisa. Se eu tiver de falar com alguém falo diretamente, não mando recados. Digo na cara o que tenho a dizer. Se achar que tenho de dizer em público, digo. Se for pessoalmente, também digo“, referiu.
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Ainda assim, o treinador do FC Porto garante não se sentir injustiçado pela imprensa.
“Não. Mal será quando eu sentir que a maior parte das pessoas dizem bem. Desconfio. A crítica é absolutamente normal, as pessoas que comentam futebol têm de comentar e sabemos que uns estão direcionados para um lado e outros para outro. O FC Porto tem os seus comentadores, os jornais têm as páginas do FC Porto. Estou a falar das notícias que vêm muitas vezes cá para fora. Sendo o maior clube em Portugal, é normal que se fale. Acho que isso não é importante para o jogo de amanhã”, disse.
Questionado sobre a possibilidade de renovar contrato, Conceição preferiu manter o foco no jogo com o Portimonense.
“O meu único cenário é o jogo de amanhã. Não é a resposta politicamente correta, é mesmo essa. Vamos fazer tudo para que no final se façam as contas. E depois que se avalie, que se planeie, que haja conversas construtivas e agradáveis – e eu muitas vezes não sou agradável. Tenho de dizer o que acho, o que penso e o que é melhor para o FC Porto. Até lá há jogos a ganhar“, concluiu.
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