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Villas-Boas grato a Pinto da Costa mas pede fim do medo e das ameaças

André Villas-Boas, potencial candidato à presidência do FC Porto.

André Villas-Boas assumiu-se oficialmente como candidato à presidência do FC Porto.

Servir o FC Porto: “Obrigado, grande receção! Caras e caros sócios, adeptos e simpatizantes do FC Porto aqui presentes e a seguirem-nos em direto. Caras amigas e amigos, sou candidato à presidência do FC Porto. Um momento de grande significado para mim, um momento pleno de portismo, sede e vontade de vencer, um passo para o qual me preparei para poder ir de encontro às vossas exigências. Um passo de grande responsabilidade tomado em consciência com um único propósito, o de servir o FC Porto”.

Motivo da candidatura: “Sou candidato porque quero um FC Porto mais forte, um FC Porto competitivo, um FC Porto vencedor, dos sócios e para os sócios. O nosso compromisso é com a vitória e este clube vence desde 1893. O vídeo que acabámos de ver mexe com os nossos sentimentos, toca-nos no coração e traz de volta muitas memórias de tanta gente aqui presente, as primeiras de infância. O primeiro olhar, um amor desconhecido, a camisola de dragão ao peito, o azul e branco, o FC Porto. Quando entramos no campo das emoções, somos imediatamente capturados pela sua intensidade, memórias únicas que jamais esquecemos. As Antas, os torniquetes, as arquibancadas, a festa nos Aliados, o nosso FC Porto”.

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Pinto da Costa: “Entre famílias de todos aqui presentes, esta é uma história de amor. Ser do FC Porto é uma elevação que nos distingue. Tudo isto é a razão da minha candidatura. Gostava de começar com uma intervenção de José Maria Pedroto para vos explicar o porquê desta candidatura: não ter receio em reconstruir ou deixar que outros assumam esse papel. A história não é benevolente com quem não conhece a sua evolução. Esta frase parece mais atual do que nunca. Sim, estamos e estaremos para sempre gratos a Jorge Nuno Pinto da Costa. Será para todos nós, adeptos e simpatizantes, o presidente dos presidentes do FC Porto”.

Tempo de mudança: “Porquê esta candidatura agora? Porque neste momento já não somos capazes de construir valor, crescer enquanto clube e organização, propagar a nossa cultura, construir equipas vencedoras e cimentar o associativismo que tanto nos orgulha. De repente, parecemos capturados por um conjunto de interesses alheios ao FC Porto, que ferem os valores fundamentais da nossa instituição”.

Contas do clube: “Nos últimos 10 anos, o FC Porto conseguiu encaixar mais de 700 milhões de euros em vendas e, em 2015, fez o maior contrato de transmissões televisivas. Qual é a realidade atual? Um passivo de 500 milhões de euros e uma dívida de 310 milhões de euros. A nossa capacidade competitiva está ameaçada, as contas estão em total descontrolo. Nos últimos 20 anos, o FC Porto gerou mais 2,9 mil milhões de euros em receitas, e hoje temos um clube incapaz de acautelar a sua responsabilidade. Vive agarrado por gratidão a uma gestão sem rumo e sem nexo”.

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Futuro do FC Porto: “A falta de transparência instalou-se com preocupantes conflitos de interesses, que parecem prevaricar contra os estatutos do clube. Não temos uma academia de formação nem um centro de alto rendimento, uma promessa eleitoral de 2016 é que é hoje, em 2024, uma promessa eleitoral ainda. A comunicação com os sócios é inexistente e foge frequentemente à verdade, entre promessas, premissas e prazos por cumprir. A três meses das eleições, estão a ser tomadas decisões estruturantes que podem hipotecar o futuro do FC Porto nos próximos 15 anos. E isso é inaceitável. Está ou não está a ser vendida uma das empresas do grupo do FC Porto a um fundo americano? Se sim, por que somos os últimos a saber?”

Sem capacidade no mercado: “Na teoria é muito fácil falar, mas na prática é diferente. São inúmeras as contratações falhadas ou servem a outros interesses alheios ao FC Porto. Jogadores a sair a custo zero. Estamos a chegar mais tarde aos talentos, estamos a ser ultrapassados pelos rivais. Formar ou encontrar o jogador à FC Porto é uma obrigação. Assente em transparência e inovação. Quanto mais tivermos mais honramos a mística.”

Acompanhar o mercado: “Vivemos num mundo em transformação. Está na hora de mudar. Sou o sócio 7617 do FC Porto, nem com mais nem menos direitos do que os outros. Tenho as minhas raízes familiares ligadas ao FC Porto. Sendo o FC Porto o clube do meu coração, é minha obrigação estar disponível para este momento de transformação. Vivi o clube por dentro como adepto, sócio, observador e treinador da equipa principal.”

Promessas: “Estou plenamente consciente das responsabilidades, que exigem trabalho, rigor, profissionalismo, dedicação, e colocar o FC Porto à frente do interesse pessoal. As exigências de todos os portistas vão causar em mim uma grande responsabilidade e eu quero estar à altura. Apresento esta candidatura para devolver o FC Porto aos sócios, para que o clube seja novamente uma fonte de alegria e vitórias, uma inspiração para os nossos jovens. Com coragem de querer cortar com o status quo existente, onde impera o medo e onde ninguém se pode exprimir livremente sem ser ameaçado ou censurado”.

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Mais perto das instituições: “O FC Porto deve honrar esse compromisso quando se faz apresentar junto das instituições. Um FC Porto distante das iniciativas da Liga Portugal, da FPF, da UEFA, da FIFA, é prejudicial. É fundamental que o FC Porto se afirme a nível do seu palmarés e da sua história. Por que não um FC Porto fundador da Associação Europeia de Clubes Associados ou como motor de defesa do associativismo? Não estamos aqui para vender o clube, mas sim para cimentar o associativismo do FC Porto. É fundamental para o FC Porto ser o motor e o orgulho do seu associativismo. Isto é uma vantagem competitiva. Temos cultura, tradição, valores, e é isso que devemos cimentar”.

Remuneração dos órgãos sociais: “Na remuneração fixa da administração, cortaremos em mais de 50% os cargos atuais e a variável terá um tecto máximo de 60% da fixa. Finalmente, sabemos que no FC Porto existem colaboradores altamente competentes, e todos os colaboradores devem ser envolvidos num sistema de remuneração variável. Assim, asseguramos alinhamento entre todos os pilares do clube, das equipas de gestão às que trabalham connosco. A estrutura do FC Porto deve ser um baluarte unido e formado para a vitória. Na vertente social, o FC Porto deve ter um papel mais ativo, vinculativo e de âmbito social alargado, na relação com as gentes, a cidade, a região, o país e com os seus emigrantes e instituições. Por essas razões, um dos motivos de maior orgulho desta candidatura é fundar e ver nascer a Fundação FC Porto”.

Medidas de associativismo: “Deixo algumas das medidas que temos previstas para criar um FC Porto mais próximo dos seus associados: o sócio no centro da comunicação. Dignificar as distinções e a entrada das rosetas, elevando o estatuto e compromisso que os sócios demonstram. Proteger e beneficiar os sócios detentores de lugares anuais, no Dragão e Dragão Arena. Reformular os critérios de atribuição de sócio do ano. Modernizar os processos de bilhética do Estádio do Dragão e da Dragão Arena. Reformatar o departamento de gestão das casas do FC Porto. As casas do FC Porto não servem só para bater palmas nas galas e nos jantares”.

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Casas do FC Porto: “Alocar bilhetes para as casas que se encontrem num raio de 50 km de estádios e pavilhões onde o FC Porto joga. Estabelecer índices de proporcionalidade para dar acesso a bilhetes às casas, permitindo que os seus associados possam planear as suas viagens com o tempo devido e sabendo sempre que podem contar com o seu bilhete. Celebrar o dia de formação das casas, indo ao encontro das mesmas e valorizando o trabalho que fazem pelo FC Porto. Por fim, ser dada a oportunidade aos sócios de entregarem troféus conquistados pelas suas equipas ao museu do FC Porto”.

Sem medo da mudança: “Caras sócias e sócios, adeptos e simpatizantes: com este pontapé de saída, demos início a esta candidatura, uma candidatura pela positiva, junto dos sócios, das casas. Não tenham medo da promoção deste ato democrático, juntem-se com coragem a este movimento”.

André Villas-Boas, de 46 anos, passou pelo comando técnico do FC Porto em 2010/11 e arrebatou quatro competições, entre as quais a I Liga portuguesa e a Liga Europa, que representa a última das sete conquistas internacionais da história dos ‘azuis e brancos’.

Iniciada na Académica (2009/10), a carreira de treinador principal passou também pelos ingleses do Chelsea (2011/12) – numa época em que os ‘blues’ venceram a primeira Liga dos Campeões do seu historial e uma Taça de Inglaterra – e do Tottenham (2012-2013).

Seguiram-se experiências com o Zenit São Petersburgo (2014-2016), no qual venceu um campeonato, uma Taça da Rússia e uma Supertaça, com os chineses do Shangai SIPG (2016-2017) e com os franceses do Marselha (2019-2021), último clube por si orientado.

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Antes desse percurso nos bancos, André Villas-Boas assumiu funções de observador no FC Porto, integrando as equipas técnicas do já falecido inglês Bobby Robson e de José Mourinho – com quem trabalhou igualmente no Chelsea e nos italianos do Inter Milão – e teve uma breve passagem como diretor técnico da seleção das Ilhas Virgens britânicas.

Técnico mais jovem de sempre a arrebatar uma prova europeia, o detentor do Dragão de Ouro de treinador do ano em 2011 junta-se agora a Nuno Lobo, candidato derrotado em junho de 2020, nas eleições do FC Porto rumo ao quadriénio 2024-2028, cuja data ainda será marcada pelo presidente da Mesa da Assembleia Geral (AG), José Lourenço Pinto.

Pinto da Costa, de 86 anos, ainda não revelou se concorrerá a um 16.º mandato seguido, numa fase em que é o dirigente com mais títulos e longevidade do futebol mundial, tendo sido eleito pela primeira vez como 33.º presidente da história do clube em abril de 1982.

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