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O dia em que Vieira chamou a Rui Costa de chulo, calão e incompetente

Rui Costa e Luís Filipe Vieira após o tetracampeonato do Benfica

A revista Sábado revela uma grande reportagem em que faz revelações inéditas sobre a relação entre Rui Costa e Luís Filipe Vieira.

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De acordo com a mesma publicação, o atual presidente do Benfica era muito criticado pelo seu antecessor, que o apelidava de calão e preguiçoso. E Vieira não tinha problemas em criticar Rui Costa à frente de outros administradores.

Numa reunião do Conselho de Administração, Luís Filipe Vieira transmitiu a Rui Costa que estava a pensar substituí-lo pelo José Eduardo Moniz. Chamou-lhe incompetente, chulo, calão e disse-lhe para se demitir. O Rui Costa, furioso, atirou-lhe uma resma de papel e uma caneta“, conta uma fonte à referia publicação.

Ao longo destes 13 anos de convivência, são muitos os episódios em que o Maestro foi sujeitado a um tratamento nada condizente com o estatuto de lenda de que goza.

A chegada a diretor-desportivo e a saída surpreendente do cargo

Depois de ter terminado a carreira em 2008, Rui Costa foi eleito diretor-desportivo, trazendo jogadores como Rúben Amorim, Pablo Aimar, José António Reyes ou David Suazo. No que toca ao treinador, Vieira pretendia Jorge Jesus, mas o antigo camisola 10 dos encarnados apostou em Quique Flores, com o aval de Vieira.

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A época acabou por não correr da melhor forma e o técnico espanhol acabou por ser demitido e Vieira atribuiu as culpas a Rui Costa.

“Fui jantar a casa do Vieira por altura do Natal e ele estava danado. Disse que o Rui Costa lhe tinha dado cabo de 60 milhões de euros e que por causa dele o Benfica não ia ser campeão. Tinha perdido a confiança nele“, contou um ex-dirigente.

O Maestro foi perdendo poderes e, em 2011, o cargo de diretor-desportivo foi assumido por António Carraça. Uma decisão que só veio a saber no dia da apresentação do seu sucessor. Refere a Sábado que antes Carraça havia sido considerado para assumir o cargo de chefe da formação, que Rui Costa entregou ao amigo Rui Águas.

Acomodado e resignado

Rui Costa passou então a ser um adereço para Vieira, que sabia da importância e influência junto dos sócios. Nesta altura, as suas funções limitavam-se à prospeção de talentos. Mas o antigo presidente das águias ainda tinha receio que Rui Costa chegasse à presidência, dada a popularidade entre os sócios, e por isso aprovou, numa assembleia com pouco mais de 100 sócios em 2010, uma alteração estatutária que obrigava os candidatos a terem pelo menos 25 anos de sócios. Esta alteração permitia a Vieira ficar a salvo de uma eventual concorrência de Rui Costa até 2016.

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Posteriormente antigo médio foi acusado de acomodar-se à sua posição, sendo que os seus horários já irritavam Vieira, que considerava que este chegava tarde e saía demasiado cedo.

“Por isso deu-me um papel para eu controlar diariamente as horas a que ele chegava. Eu punha sempre um bocadinho mais cedo para o proteger”, refere um ex-funcionário.

O caso das obras nas instalações da SAD

O mais grave aconteceu quando se avançou com obras nas instalações da SAD encarnada, no Estádio da Luz. Rui Costa já era administrador mas, numa fase inicial, Vieira queria colocá-lo no primeiro piso, junto do chefe de prospeção José Boto e do motorista.

João Gabriel, na altura diretor de comunicação, e Paulo Gonçalves, chamaram a atenção de Vieira para a situação constrangedora que se estava a desenhar.

Foi então construído um gabinete para Rui Costa no mesmo piso que os restantes administradores, mas bem mais pequeno, comparativamente com o dos colegas.

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Nesta altura Paulo Gonçalves ficava a cargo das transferências e José Boto da prospeção de talentos. Quanto ao ex-jogador estava completamente desmotivado.

“O Rui Costa já nem via os vídeos dos jogadores que estavam a ser observados. A gaveta de secretária dele estava a transbordar de CD por visionar”, contou um ex-funcionário.

À espera do momento certo

Apesar de tudo, Rui Costa continuava a apoiar Vieira.

Rui Costa viveu 10 anos de desconforto no Benfica, mas manteve-se pela sua paixão pelo clube, pela necessidade de estar no balneário, de estar ao lado do plantel. Sei que ponderou sair mas o amor ao clube falou mais alto“, referiu João Malheiro.

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Mas porque é que Rui Costa continuou tantos anos a aguentar a ser destratado desta forma? A resposta prendia-se com a ambição de ser presidente do clube do seu coração.

Quando lhe perguntei a razão pela qual não saía, dado ser tão desconsiderado pelo Vieira, respondeu-me que no mundo do desporto que sai, desaparece. Ele não queria desaparecer. Portanto, quando Vieira o usava, ele achava que isso podia trazer-lhe vantagens. E o desenrolar dos acontecimentos acabou por lhe dar razão“, contou um ex-administrador da SAD do Benfica.

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