Internacional

Jogador ucraniano revela morte chocante do amigo: “Não devolveram o corpo”

Viktor Kovalenko, médio que atua na Spezia

Viktor Kovalenko, jogador que atua no Spezia por empréstimo da Atalanta, concedeu uma entrevista ao diário desportivo italiano Gazzetta dello Sport, onde revelou uma das atrocidades da guerra da Ucrânia e que sentiu de perto.

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A história chocante envolve um amigo próximo, que foi assassinado pelas forças russas. O médio ucraniano mostrou a foto do cadáver do seu amigo junto a um carro, na cidade de Kherson.

Ele [amigo] escondeu-se por cinco dias antes de tentar fugir do país com o seu irmão e uma menina. As tropas russas detiveram-nos num posto de controlo. Eles mataram os dois homens e nem devolveram os seus corpos para o enterro. Detiveram a menina durante três horas e quando a soltaram, ela fugiu aos gritos“, afirmou.

Kovalenko confessou que ainda tem família na zona, mas que retirá-los é uma tarefa complicada.

A minha família vir para Itália? Neste momento, é impossível. É muito perigoso. Se os russos vêem um carro na área, eles disparam. Eles não se importam com quem está dentro, se há civis, mulheres ou homens… Há três postos de controlo antes da fronteira de Kherson”, referiu.

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Tal como muitos ucranianos, os pais do jogador de 26 anos decidiram permanecer no seu país para combaterem os invasores russos.

“Os meus pais, tal como muitos ucranianos, nunca saíram de casa. Se saírem, não encontrarão nada quando voltarem. Os russos entrariam e levariam tudo. O que farias? A escolha é fácil. Eles ficam lá e defendem a sua casa e a sua vida. O meu pai tem uma espingarda… ele espera não usá-la, mas está pronto para defender-se a si mesmo e à sua família“, contou.

Por último, Kovalenko explica as dificuldades que enfrenta para entrar em contacto com a família na Ucrânia e a incerteza e angustia que isso lhe provoca.

Ligo para o meu irmão de manhã, mas depois de 20 segundos o telefone desliga. As comunicações são difíceis. Depois tento ligar para a minha mãe à tarde… não consigo entender como eles estão, não entendo se eles dizem a verdade ou se algumas coisas são escondidas. Eles têm medo de que os russos escutem o que eles dizem, eles nem me mandam fotos, têm medo de que os seus telefones sejam revistados se houver uma busca. O meu aniversário foi em 14 de fevereiro. A minha mãe e o meu sobrinho [de cinco anos] visitaram-me na Itália e voltaram para Kherson pouco antes do ataque russo”, concluiu.

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