Numa altura em que Cristiano Ronaldo tem sido alvo de muitas críticas até pelos adeptos portugueses, o antigo investigador da Polícia Judiciária e escritor Francisco Moita Flores decidiu escrever uma carta aberta ao astro português.
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Apesar de se assumir como não sendo um grande fã de futebol, Moita Flores destaca os feitos de Ronaldo, que vão para além do futebol.
“CARTA A CRISTIANO RONALDO:
Meu caro CAMPEÃO
Decidi escrever-te porque, não sendo um fã desesperado de futebol, devo-te um pouco da minha autoestima, que se alimenta do meu trabalho e daquilo que recebo do mundo que me cerca. Agradeço-te porque me comoves. Olho as ruas do Qatar, os seus estádios, e tremulam bandeiras do nosso País nas mãos de gente que nem sabe onde fica Portugal mas sabem o teu nome em português. Amam-te com o desespero de quem ama a pátria do futebol e, por tua causa, essa pátria é a nossa Pátria. Comovo-me por saber que és o único homem do Mundo que tem mais de 500 milhões de seguidores. Sabendo que somos dez milhões de portugueses, que 200 milhões falam português, havemos de reconhecer que somos pequenos em relação aos teus feitos e à grandeza da tua obra, enquanto futebolista.
Não quero saber da tua fortuna, nem se te atormentam os homens pequeninos que não sabem medir a grandeza das coisas, mas a tua presença no Qatar é tão arrebatadora para centenas de milhões de todas as nacionalidades que contarás comigo para te aplaudir, mesmo que não marques golos, mesmo que não tenhas clube, mesmo que escolhas o clube que te apetecer mesmo que não escolhas nenhum.
Tive o privilégio de viver o deslumbramento que foi Eusébio. A Vida permitiu que redobrasse a minha admiração ao participar na tua vida. Na nossa Vida porque me comove o teu orgulho quando envergas a camisola de Portugal porque és a melhor marca de Portugal.
Obrigado Campeão por teres levado tão longe o nome deste País pequenino, habitado por poetas do desenrascanço, puristas de todos os matizes, comentadores de pacotilha, que não entendem a tua grandeza. Como escreveu o poeta António Botto és o ‘arquiteto do sonho e da ilusão’ que ousou tocar o céu quando saltas até às nuvens. Agrada-me saber que para milhões de putos de todo o planeta, Cristiano é sinónimo de vitória. E que Cristiano é português, coisa que não saberão bem o que é, mas que é uma terra verde e vermelha porque assim te vestes para entrar em campo. Talvez muitos aprendam contigo que a glória assenta no profissionalismo seja qual for a profissão que escolham. E será verde e vermelha. Da cor do nosso coração lusitano, porque é assim que reconhecem Portugal através do teu nome e da tua obra.
Deixo-te um abraço, escrito e sentido em português. Bem hajas, CAMPEÃO!”.
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