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“Se alguma vez fui aliciado pelo Benfica” – A resposta de Bruno Paixão dá que falar

Bruno Paixão, ex-árbitro de futebol

Bruno Paixão concedeu uma entrevista à CNN Portugal, onde procurou esclarecer e defender-se das acusações de corrupção desportiva em nome do Benfica, no processo Saco Azul.

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O antigo árbitro revelou como recebeu a notícia destas acusações.

Devastadora. Arrasou por completo, foi um assassinato público, a mim, à minha família. Os meus pais estão devastados, nas 2 primeiras noites não conseguia dormir; o meu pai veio ver como estava a meio da noite. Para ficar claro não sou arguido, testemunha, não tive nenhum contacto da PJ. O último contacto com o MP foi há um ou dois anos“, afirmou.

Posteriormente Bruno Paixão explicou o seu percurso académico, tendo tirado o curso de engenheiro de produção industrial. Trabalhou numa das empresas da Autoeuropa e ia conciliando essa profissão com o exercício da arbitragem, mas acabou por ter sido a obrigado a escolher entre uma e outra, escolhendo a arbitragem. Depois montou a sua empresa e foi contactado por José Bernardes, suspeito de ser o testa-de-ferro do Benfica, para fazer alguns trabalhos.

Começou nesse momento, em novembro de 2013 e terminou em agosto de 2014. Foram 9 meses. Isto pago muito abaixo do preço de mercado. Aceitei o trabalho que era um projeto muito desafiador. Um auditor de qualidade no mercado recebe entre 200 a 350 euros por dia. Entrava todos os dias às 8 e saía ao final do dia“, referiu.

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O ex-árbitro foi questionado sobre se olhou para os jogos em que terá favorecido o Benfica, depois de terminar a carreira na arbitragem.

Todos os jogos que fiz na minha carreira foram olhados de forma imediata. Não gosto é de falar em erros de arbitragem, falo em oportunidades de melhoria. Quando isso acontecia, analisava com os meus assistentes, sempre analisei os meus jogos“, disse.

Bruno Paixão garantiu que não conhece intimamente Luís Filipe Vieira ou Rui Costa.

Só em ambiente de jogos que apitei. Rui Costa? Também me cruzei com ele no Casa Pia, como árbitro também porque em alguns jogos circulava na zona técnica“, atirou.

O antigo árbitro garante que não favoreceu ninguém ou sequer foi contactado por elementos do Benfica ou de qualquer outro clube nesse sentido.

Foram arbitragens normais, todos os clubes que dirigi, nunca havia o clube Benfica e o clube Sporting, era o clube A contra o clube B, os nomes pouco pesavam na minha cabeça. Sabia que tinha má imprensa e tinha de fazer tudo o que estivesse ao meu alcance para apitar bem. Nunca nenhum elemento ligado à estrutura do Benfica me pediu o que fosse de negativo, nem por interposta pessoa“, assegurou.

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Bruno Paixão explicou ainda os 197 mil euros que a sua empresa faturou entre 2015 e 2018.

Os valores confirmam-se. A dada altura da minha vida reestruturei a minha parte financeira, o dinheiro do futebol era a recibo verde, com uma retenção de fonte de 25 por cento mais pagamento da segurança social. Falei com um contabilista e passámos tudo para a empresa. Os valores correspondem a quatro épocas, eu ganhava uma média de 50 ou 55 mil euros da Liga, mais outros negócios que possa ter tido, porque também sou mediador de seguros. Os valores estão certos”, asseverou.

Por último foi confrontado com os 40 mil euros que terá recebido de José Bernandes.

Foi uma auditoria que fiz para uma empresa e agora, ao consultar os mails para ver a última vez que troquei contacto com o sr José Bernardes, descobri um momento em que fiz mais um trabalho para mais uma empresa. Na mesma linha dos outros valores, entre 2 mil e 4 mil euros. Mas não recebi qualquer dinheiro para corrupção desportiva“, concluiu.

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