O futebol, por vezes, sabe ser cruel. Mas também tem momentos de rara grandeza. E foi isso mesmo que se viu nos últimos dias em Anfield, onde a dor pela perda de Diogo Jota se transformou numa onda de solidariedade que atravessou o Canal da Mancha e chegou a Gondomar com a força de mil corações partidos.
Veja também: O verdadeiro motivo para a ausência de Ronaldo do funeral de Jota
O Liverpool, clube que o internacional português representou durante cinco épocas, decidiu ir muito além do tradicional minuto de silêncio ou da publicação com fundo preto. Os reds anunciaram que vão pagar os dois anos de contrato que restavam a Diogo Jota diretamente à sua família. Um gesto que dispensa explicações e prova, com dignidade, que o futebol pode ser mais do que negócios, troféus e transferências.
O Record foi o primeiro a avançar com a informação: a direcção do clube inglês quis garantir que a família do jogador — que sempre fez de Anfield uma segunda casa — não ficaria desamparada. Uma decisão que arrancou aplausos não só em Inglaterra como em Portugal, onde o gesto foi interpretado como tudo menos simbólico. Foi, simplesmente, humano.
A homenagem começou logo com a deslocação de vários elementos do plantel, da equipa técnica e até da cúpula do Liverpool a Gondomar, para se despedirem de um jogador que sempre foi discreto fora de campo e incansável dentro dele.
Veja também: Atitude de Manuela Moura Guedes sobre morte de Diogo Jota dá que falar (VÍDEO)
O clube já tinha anunciado, em comunicado, a intenção de “imortalizar” a camisola 20, usada por Diogo Jota nas suas cinco temporadas nos Reds, incluindo a mais recente, na qual teve papel fundamental na conquista do tão desejado 20.º título da Premier League — um número que, poeticamente, coincide com o número da sua camisola.
Nas redes sociais, os adeptos pedem que a camisola 20 seja retirada em definitivo, num gesto que perpetuaria o nome de Jota na história do clube. E em frente ao estádio de Anfield, milhares de pessoas têm deixado flores, cachecóis, camisolas e fotografias, criando um verdadeiro memorial vivo ao talento e à pessoa que se perdeu cedo demais.
Jordan Henderson, antigo capitão do clube, visitou o local esta sexta-feira e, visivelmente emocionado, não conseguiu conter as lágrimas. Um gesto íntimo, genuíno, que espelha o sentimento de toda uma comunidade.
Veja também: Revelado o que motivou o trágico acidente que vitimou Diogo Jota
Mais do que um jogador, Diogo Jota foi um símbolo de entrega, humildade e talento. E agora, também, o centro de uma das maiores provas de respeito que um clube pode oferecer. Que o legado dele viva para lá das quatro linhas. E que o futebol aprenda com este exemplo.