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Nacional
18/11/25 às 11:04

"Varandas, até no pior, é bastante parecido com Pinto da Costa"

Em entrevista ao Desporto ao Minuto, José Fernando Rio, antigo candidato à presidência do FC Porto, criticou o clima de tensão entre os três grandes e apontou Frederico Varandas como o principal responsável pela escalada de conflito.

O ambiente no futebol português tem sido marcado por fortes trocas de acusações entre Sporting, FC Porto e Benfica, e José Fernando Rio atribui grande parte dessa crispação às posições assumidas por Frederico Varandas ao longo do último ano. 

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O empresário considera que o presidente leonino desencadeou uma onda de pressão sobre a arbitragem que acabou por arrastar os rivais para a mesma arena.

«Este clima de pressão pela arbitragem sempre existiu no futebol português. Mas o último grande marco desta pressão pela arbitragem foi a entrevista que Frederico Varandas deu à Sporting TV em março deste ano. Foi aí que tudo se acentuou», afirmou.

Segundo Rio, André Villas-Boas apenas entrou mais tarde nessa disputa: «O presidente Villas-Boas apenas entrou nesta batalha, digamos assim, há pouco mais de um mês na gala da FPF. Deu a sua opinião sobre aquilo que estava a passar, aquilo que Benfica e Sporting estavam a fazer, a pressão que estavam a exercer sobre a arbitragem

 

O antigo candidato portista criticou também a forma como Benfica e Sporting têm reagido ao discurso azul e branco.

«Claro que Benfica e Sporting reagiam logo a seguir com muitos comunicados e publicações nas redes sociais. O presidente Varandas até disse que se reuniu com o presidente da FPF para fazer o mapeamento clubístico dos órgãos sociais, veja-se ao que chegamos», lamentou.

Para José Fernando Rio, a intervenção de Varandas na gala Rugidos de Leão foi determinante para agravar as hostilidades.

«O presidente do Sporting acha-se alguém muito especial e que está acima dos outros. Mas não é, é igual aos outros. Ele criticava muito Pinto da Costa e, no fundo, até no pior, é bastante parecido com ele. Fez um comício em que disse coisas que não eram uma verdade absoluta, e o FC Porto foi obrigado a repor a verdade e a demonstrar a hipocrisia das palavras e do discurso de Varandas», atirou, destacando o vídeo difundido pelo FC Porto como resposta.

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Rio defendeu ainda a mudança estratégica adotada pelos portistas sob a liderança de Villas-Boas: «A estratégia do FC Porto é a médio prazo, não é para imediato. O que o FC Porto quer é que, ao longo da época, não seja o clube mais prejudicado e os outros sejam os mais beneficiados». E acrescentou: «Toda a gente reconhece que, até agora, o FC Porto ainda não ganhou nenhum jogo por benefício da arbitragem e já foi prejudicado em alguns, apesar de ter ganho. Eu acho também que é unânime que o Benfica e o Sporting já ganharam jogos por benefícios da arbitragem

Segundo o jurista, a atitude dos rivais legitimou a entrada do FC Porto na disputa pública.

«O Benfica e o Sporting andam nesta guerra de comunicados a dizer que há árbitros que não têm capacidade de apitar, que deviam ser excluídos, que têm duplo critério. Andam a massacrar a arbitragem há quase um ano e os árbitros, impávidos e serenos, não arranjam nenhuma maneira de protestar. A primeira vez que acontece um episódio que é lamentável, mas que não tem a gravidade de alguns que já se passaram por parte de Benfica e Sporting, e os árbitros fazem um protesto. Quando isto acontece, o FC Porto sente-se ainda mais legitimado para vir para essa batalha», sublinhou.

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A conferência do Conselho de Arbitragem mereceu elogios da sua parte.

«A conferência de imprensa de Duarte Gomes e Luciano Gonçalves foi positiva porque revelou alguma transparência, alguma objetividade. Os árbitros estão a dar a cara». Contudo, fez questão de recordar episódios recentes: «Num jogo das camadas jovens, um lance muito mais duro não foi falta. No FC Porto–SC Braga, um lance que, na minha opinião, nem falta foi, o árbitro acabou por invalidar o golo.»

Sobre o episódio com Fábio Veríssimo no Dragão, Rio foi claro: «O meio não foi o mais bonito e o mais ético. Condeno essa ação, mas entendo que é uma coisa que tem de ser feita. Se isso não for feito, os árbitros sentem que se beneficiarem o Benfica e o Sporting não há problema nenhum e, se beneficiarem o FC Porto, cai o Carmo e a Trindade

A fechar, avaliou a posição de Villas-Boas: «Villas-Boas tentou manter-se à parte desta batalha e lutar pelos interesses do futebol português, mas neste momento isso é impossível. Quem ficar na janela a ver a banda passar, no final não fará parte da festa, e o FC Porto não quer ver isto acontecer», concluiu.

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O clima de confronto entre os clubes promete prolongar-se, com José Fernando Rio a antever que a “guerra” no futebol português está longe do fim.