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“Vieira prometeu-nos a Europa, mas nunca nos tirou da segunda circular”

Luís Filipe Vieira, líder do Benfica, em conferência de imprensa

O gestor João Noronha Lopes quer a hegemonia do futebol português, mas também o regresso do Benfica à elite do futebol europeu, competição em que o clube deixou de ter uma presença forte e esta época foi eliminado.

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Luís Filipe Vieira prometeu-nos a Europa, mas nunca nos tirou da segunda circular“, sublinhou em entrevista à agência Lusa o candidato à presidência do Benfica, eleições a que concorre frente ao atual presidente, e a outros dois candidatos, Rui Gomes da Silva e Luís Miguel David.

Aos 54 anos, o gestor, antigo presidente para o sul da Europa de uma multinacional na área alimentar, aponta a um regresso ao clube, em que foi vice-presidente em 2000 na direção de Manuel Vilarinho, então num período historicamente muito difícil.

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João Noronha Lopes diz querer devolver ao Benfica o prestígio na “montra” europeia de futebol, na qual já esta época falhou a qualificação, e argumenta que é preciso uma gestão ancorada num diretor desportivo.

A minha ideia de hegemonia desportiva não é ganhar cinco campeonatos em 10, cresci numa década em que ganhámos oito campeonatos em 10, em que o Benfica era temido na Europa. Aqui há um ponto de partida completamente diferente de Vieira, qual a grande diferença? Chama-se organização, competência e uma estrutura para o futebol, em vez de termos um presidente que decide sozinho e muda de opinião todos os anos, com base apenas nele próprio”, explicou o candidato.

Na Europa, Noronha Lopes lembrou a final a oito da Champions em agosto, em Lisboa, para explicar que não é preciso ser um “tubarão europeu” para estar nas grandes decisões, como aconteceu com outros clubes, com universos financeiros mais parecidos com os do Benfica.

Atalanta, Lyon [equipas que estiveram na fase final em Lisboa], Sevilha e Ajax têm receitas totais dentro do nosso campeonato, esses clubes têm uma gestão desportiva profissional e alguém que olha para a gestão desportiva como o grande objetivo do clube, mas não tanto para celebrar as contas, obviamente que as contas são importantes, sou gestor e sei disso, mas as contas têm de ser instrumentais para o sucesso desportivo“, defendeu.

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O gestor assinalou ainda que nenhum desses clubes tem a “grandeza histórica”, o “número de adeptos” ou “o potencial de crescimento” do Benfica: “a diferença é que houve competência para chegar mais longe e, repito, com receitas do nosso campeonato”.

Para chegar a resultados, Noronha Lopes quer um diretor desportivo capaz de articular áreas importantes, negociar e articular entre o presidente e o treinador.

“Tenho um perfil perfeitamente identificado, alguém que conheça bem o futebol português, conheça o futebol internacional, que perceba o que é o Benfica e que garanta a identidade do futebol do Benfica, que seja ele a escolher o treinador, e não a ser escolhido por treinadores, alguém que tenha a capacidade de levar todas essas áreas do futebol, prospeção, formação, área do planeamento internacional e obviamente a equipa principal e equipa B”, adiantou, sem revelar nomes.

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Ao não anunciar que escolha terá para o cargo, Noronha Lopes quer manter a estabilidade com a época em curso.

Não vou fazer nada que ponha em causa a estabilidade do clube em plena época desportiva, Jesus é o treinador do clube, a organização é aquela que lá está e seria uma enorme irresponsabilidade, a meio da época desportiva, ir introduzir uma nova organização, uma nova estrutura no futebol do Benfica“, acrescentou.

Jorge Jesus é, aliás, o treinador que Noronha Lopes pretende ter à frente da equipa, mas com a promessa de melhores meios.

É o treinador do Benfica para as duas próximas épocas. É um homem inteligente, quer ganhar tanto como eu. O que vou fazer a Jorge Jesus é que vou criar-lhe condições para ganhar, mais do que aquelas que foram criadas pelo atual presidente. O que aconteceu nesta pré-época foi uma vez mais reveladora do amadorismo e da incompetência com que se prepara o futebol do Benfica, andámos um mês atrás de um fantasma, não preenchemos o plantel com algumas posições que o treinador queria e, portanto, chegámos ao primeiro jogo da época com o plantel que não era aquilo que o treinador queria, tal como o próprio treinador já admitiu”, disse.

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Para esta época, com o Benfica inserido na Liga Europa, os objetivos são claros: “tem de ser campeão este ano, tem de ganhar a Liga Europa e tudo farei para que isso aconteça“, acrescentou o candidato da lista B.

Nas modalidades, estranha a atual coexistência de dois vice-presidentes [Domingos Almeida Lima e Fernando Tavares] e propõe um ‘vice’ para o ecletismo e um diretor-geral das modalidades, próximo da realidade e ao qual vão reportar os ‘team managers’.

“Acho que podemos ter as modalidades a competir, mas a sensação que tenho muitas vezes relativamente a algumas modalidades é que nos inscrevemos para participar e não para ganhar, e, portanto, relativamente às modalidades temos alguns problemas que temos no futebol, falta ambição desportiva, falta organização, falta competência e falta uma estrutura que verdadeiramente faça com que elas possam ter mais sucesso“, criticou.

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As eleições no Benfica estão marcadas para quarta-feira, entre as 08:00 às 22:00 horas, no Pavilhão n.º 2 do Estádio da Luz, em Lisboa, e em 24 casas do clube.

Concorrem, pela primeira vez na história do clube, quatro candidatos, além de Noronha Lopes (lista B), o atual presidente Luís Filipe Vieira (A), Luís Miguel David (C) e Rui Gomes da Silva (D).

Fonte: LUSA

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