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Sócrates sai em defesa de Vieira e arrasa direção liderada por Rui Costa

Luís Filipe Vieira, presidente do Sport Lisboa e Benfica

Num artigo de opinião publicado no Diário de Notícias, José Sócrates reagiu à detenção de Luís Filipe Vieira, depois de se ver envolvido no processo Cartão Vermelho.

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O antigo primeiro-ministro condena o facto de a antiga direção que Vieira liderava se manter em silêncio, considerando que este processo deu origem a uma luta pelo poder.

A cena em palco no Benfica é ainda mais repulsiva. Nem uma palavra de simpatia por quem ainda ontem era o líder da equipa. Nem uma palavra. O cadáver ainda não arrefeceu e ali só se vê cálculo e ambição e poder e oportunismo“, refere.

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Sócrates condena ainda forma como se deu a sucessão de Vieira.

Aquelas pessoas perderam-se ali mesmo, no preciso momento em que encenaram o megalómano espetáculo do estádio vazio de onde emergiria a figura redentora. No final, o pano desce tristemente, mostrando que por detrás dele nada existe – nem legitimidade, nem gravitas. Os mais calculistas são frequentemente os mais incautos. À volta, de novo, o silêncio”, afirma.

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Sócrates deixou ainda duras críticas às autoridades, pela forma como conduzem as investigações judiciais mais mediáticas.

A detenção usada para investigar e a violação do segredo de justiça usada para difamar. No centro da ação mediática já não está uma pessoa com os seus direitos, mas um alvo a que ninguém dará ouvidos quando chegar a sua vez de dizer qualquer coisa em sua defesa.

A maledicência estatal resultou em pleno e o plano foi repetido sem falhas, pouco importando se toda a atuação se baseou na ação criminosa de violação de segredo de justiça. Afinal, quem ainda liga a isso? Quem se interessa ainda por saber se havia ou não fundamento legal para a detenção?”, questionou.

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O ex-político juntou o exemplo de Joe Berardo ao de Vieira para atestar a sua tese.

Abuso e crime, eis o comportamento institucional onde se já se vislumbra o que a senhora ministra da Justiça chamou, em artigo recente, ‘direito dos justiçáveis’. Eis como tudo encaixa. Na verdade, Joe Berardo e Luís Filipe Vieira já não são indivíduos com direitos, são ‘justiçáveis’“, reforçou.

Sócrates prossegue ao denunciar aquilo que entende como “transgressões” do sistema judicial.

Se violarmos as normas muitas vezes, as pessoas acostumam-se e aceitam. Agora, prende-se primeiro e pergunta-se depois; agora, arrastam-se as pessoas para a cadeia para humilhar, para despersonalizar e para intimidar os outros – calem-se, que vos pode acontecer o mesmo. A detenção para interrogatório deixou de ser um dispositivo extraordinário da ação judicial para se transformar num vulgar instrumento da violência estatal quando identifica o inimigo social”, disse.

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Por último o arguido do processo Operação Marquês também teceu duras críticas a Henrique Araújo, presidente do Supremo Tribunal de Justiça.

O extraordinário é que a única preocupação do senhor presidente seja a de se perguntar se ainda faz sentido que o Estado Democrático garanta ao cidadão o direito a poder recorrer de uma decisão judicial que considere errada ou injusta. É absolutamente extraordinário. E mais extraordinário ainda é o silêncio. A violência do silêncio“, concluiu.

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