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Rui Costa e o desentendimento entre Pizzi e Jesus: “A equipa ficou do lado do jogador”

Rui Costa, administrador da SAD do Benfica

Rui Costa concedeu uma entrevista à BTV onde reconheceu que a aposta em Jorge Jesus acabou por ser falhada, dadas as expetativas que o seu regresso criou.

“Foi um ano e meio bastante difícil. O ano passado foi muito difícil. Foi um ano falhado. Sabíamos que Jorge Jesus, pela condicionante de ter ido parar ao Sporting, que no seu regresso quase obrigava quase a vitórias imediatas. O ambiente ficou mais pesado em torno da equipa e de Jesus. Isso foi prejudicial para todos: adeptos, treinador e jogadores. Ele não conseguiu fazer o mesmo trabalho que tinha feito na primeira passagem. Mas há trabalhos que não surgem como esperamos. Este não correu tão bem e, digo, Jorge Jesus não deixa com isso de ser um grande treinador. Assisti a todo o empenho dele, esteve sempre de corpo e alma. Mas desta vez as coisas não correram como se previa“, começou por dizer.

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O presidente do Benfica também elencou todos os acontecimentos que contribuíram para a saída de Jesus.

“Nessa altura foi comentado tudo e um par de botas. Jesus, como homem do futebol, com a relação que tem comigo, após o episódio que foi tanto falado e que vou ter oportunidade de explicar, chegámos a conclusão que o nosso caminho seria mais complicado. Culmina nesse episódio [conflito com Pizzi], mas não começa nesse episódio. O mês de dezembro foi de extraordinária dificuldade. Se fizermos uma retrospetiva, havia uma exigência grande da parte do Benfica para ser vitorioso em todas as frentes. Havia um objetivo que era entrar na fase de grupos da Liga dos Campeões. Conseguimos atingir todos os objetivos, inclusive a passagem aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, que não acontecia há cinco anos. O mês de dezembro é penoso, tivemos três derrotas pesadíssimas com os rivais. Não foi só perdermos, mas a forma como perdemos. O que chocou mais os adeptos foi a forma como perdemos. Essa primeira derrota com o Sporting logo no início de dezembro criou um ambiente à volta da equipa e de Jesus que não estava favorável. Houve uma série de consequências, como a situação do Flamengo. Estamos a falar de um treinador muito mediático, por mérito seu. É uma pessoa que enche páginas de jornais, não por culpa sua mas por mérito. Tudo fez com que o ambiente se tornasse pesado. Não nos podemos esquecer como acabou o jogo com o Sporting, isso passa para os jogadores e para a estrutura. Finalizou com um episódio com a equipa toda e pensamos que dali para a frente seria tudo mais complicado“, referiu.

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O desentendimento entre Pizzi e Jesus

O líder das águias procurou esclarecer o desentendimento entre Pizzi e Jorge Jesus, que culminou na demissão do treinador.

“Algumas coisas que foram ditas na comunicação social são verdade, mas outras foram empoladas e distorcidas pois as pessoas não estiveram lá. Houve, de facto, essa desavença entre o jogador [Pizzi] e o treinador. Estamos a falar de um dos capitães do Benfica, que sempre teve um comportamento exemplar e já conquistou muitos títulos no clube. Apesar de dizerem que ele já despediu treinadores a verdade é que todos o colocam a jogar. Não há nenhum grupo! Há isso sim um plantel que luta por um objetivo comum. Eu também tive equipas que despediram treinadores ao longo da minha carreira de jogador. O Pizzi merece todo o nosso respeito” disse.

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Houve esse desentendimento, sendo que a equipa demonstrou apoio a Pizzi. Quando se diz que eu interpelei o treinador em favor de Pizzi é porque não se conhece nem Jorge Jesus, nem a mim. No início da época, quando escolheu os jogadores com quem contava, alguns com passado no clube foram afastados e Pizzi não foi. Jamais iria contra o treinador para o convencer do contrário nestas matérias. Jorge Jesus pode confirmar tudo o que estou a dizer. Após esse incidente tudo o que fiz foi em consonância com o treinador. O Pizzi ficou de castigo nesse dia, não treinou e falou com o presidente. Nunca foi afastado até final da época. Eu estava no Seixal, não fui chamado para ir lá, e falámos logo, tendo o jogador feito um treino”, acrescentou.

O assédio do Flamengo

Por último Rui Costa abordou o forte assédio do Flamengo a Jesus, confirmando o encontro entre o treinador e os dirigentes do emblema brasileiro.

“Uma das preocupações na altura era o massacre diário de Jorge Jesus ir ou não ir para o Flamengo. Os dirigentes estavam em Portugal. Hoje com os telemóveis não é preciso autorização de ninguém para as pessoas do futebol falarem. Todos os dias falava com Jorge Jesus, como falo com Veríssimo. A vontade de JJ era continuar no Benfica e finalizar o contrato, aliás era a vontade de ambos. Sei o massacre que ele estava a sofrer para ir para o Flamengo. Disse para limpar a cabeça de uma vez por todas e dizer-lhes para não aceitar, para no dia seguinte em conferência anunciar que ficava no Benfica e eu reforçava. Essa tal autorização, que foi anterior ao jogo com o FC Porto, era para ele limpar a cabeça. Foi cumprido à regra e João de Deus disse na conferência de imprensa que a vontade de Jesus era continuar no Benfica. Esse compromisso entre ambos foi respeitado na íntegra. Jorge Jesus toma essa posição e quando sai do Benfica já o Flamengo tinha outro treinador. Limpar a cabeça para enfrentar os dois jogos com o Porto e focar nos desafios que temos pela frente“, concluiu.

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