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“Egocentrismo de Ronaldo e a perseguição aos recordes já custa a digerir”

Cristiano Ronaldo atira a braçadeira ao chão no Sérvia-Portugal

O gesto de Cristiano Ronaldo após a anulação de um golo limpo nos instantes finais do Sérvia-Portugal (2-2), continua a fazer correr muita tinta.

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Desta vez foi António Boronha, antigo vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol que deu o seu parecer sobre a polémica partida.

A primeira parte foi uma realidade e a segunda foi outra completamente diferente“, começou por dizer em declarações ao Desporto ao Minuto, mostrando-se preocupado mais com os erros que a equipa das quinas cometeu.

“Em matéria de facto, não há argumentos. Portugal marcou três golos e apenas foram validados dois. Desse prisma, Portugal foi prejudicado pela arbitragem. Mas preocupa-me mais os erros próprios do que os erros de arbitragem, até porque estes são pontuais e os nossos já se começam a repetir. A equipa esteve mal e Fernando Santos tem responsabilidade nisso. Na primeira parte, o Cancelo safou-se bem, porque não foi pressionado, e na segunda foi o que se viu. Fernando Santos substitui-o pelo Nuno Mendes e o miúdo provou que tem estaleca para voos mais altos“, afirmou.

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O antigo dirigente da FPF deixou críticas a Cristiano Ronaldo, pelo facto de o português ter arremessado a braçadeira de capitão para o chão.

Há outras coisas que já custam a digerir, como por exemplo o egocentrismo do Ronaldo e a sua perseguição pelos recordes. O Ronaldo esteve mal e temos de aceitar que ele está num mau período. Quer na Juventus, quer na Seleção, Ronaldo não tem estado nada bem“, referiu.

António Boronha até aconselha a deixar Ronaldo no banco de suplentes, considerando que é demasiada a dependência da equipa em relação ao craque luso.

“Ronaldo é um ganhador, tenta bater todos os recordes possíveis e imaginários, e isso condiciona-o na contribuição coletiva para a equipa. Mas o problema não é do Ronaldo, mas de quem tem de ter a coragem de o substituir. Ele também tem de ser substituído e dar lugar a outro. Portugal está muito dependente do avançado da Juventus. Se calhar, valia a pena Ronaldo começar um jogo no banco e entrar no decorrer da partida, como uma ‘arma secreta’“, sugeriu.

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O ex-vice considera também que há que travar um pouco do vedetismo que entende imperar na Seleção.

Portugal foi campeão europeu por não ter tido qualquer tipo de sobranceria, vencendo jogos difíceis, e tendo um enorme respeito pelo adversário. A nossa seleção é um conjunto de vedetas e há que pô-las a trabalhar em prol do colectivo, mas não é fácil. É preciso ‘temperar’ o vedetismo“, considerou.

Voltando ao gesto de Ronaldo, Boronha mostra-se algo dividido.

“Tenho a alma dividida em relação a isso. Não gostei, mas também não achei nada de especial. Atirar a braçadeira para o chão vale o que vale, e para mim é um ‘fait divers’. Ele explicou o gesto após o encontro. No meu tempo, eu seria bastante intransigente com esse comportamento, até porque falamos da imagem de um país. Repito, não gostei, mas aceito o gesto. Também acredito que não fez mossa nem ao relvado, nem à braçadeira“, referiu.

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A terminar criticou o facto de não estarem à disposição dos árbitros as tecnologias para os auxiliar nas decisões.

“A UEFA tem os olhos bem abertos relativamente a esta situação [os lances polémicos de arbitragem]. O VAR é uma tecnologia mais complexa. Agora, para mim, é inaceitável, neste tipo de jogos, não haver a tecnologia da linha de golo. Agora, ou o VAR existe em todas as competições ou não existe em nenhuma, agora um meio-termo é que não”, concluiu.

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