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“Conceição viu-me e disse: ‘Estás gordo. Tens de perder 4 ou 5 quilos”

Sérgio Oliveira e Otávio no festejo do primeiro golo do apuramento do Juventus-FC Porto

Sérgio Oliveira concedeu uma entrevista ao site da UEFA, em vésperas do jogo da 2ª mão dos quartos de final da Liga dos Campeões entre o FC Porto e o Chelsea.

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O herói de Turim recordou a eliminatória diante da Juventus.

Podemos dizer que foi um jogo à imagem daquilo que é o FC Porto. Jogámos com raça e com a luta que nos caracteriza. Creio que foi um momento épico e, tendo em conta tudo aquilo que vivemos com esta pandemia, representou uma mensagem de que tudo é possível. É preciso acreditar, trabalhar e ter fé”, afirmou.

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Sérgio Oliveira recordou ainda o seu primeiro encontro com Sérgio Conceição e deu conta da frontalidade que caracteriza o técnico azul e branco.

A primeira vez que trabalhei com o mister Sérgio Conceição foi em França [quando foi emprestado pelo FC Porto ao Nantes]. Ele olhou para mim e disse: ‘Tu estás gordo! Vais ter de perder quatro ou cinco quilos.’ Eu fiquei a olhar para ele e disse: ‘Ok!’ Durante esse tempo estive a adaptar-me ao estilo de jogo que ele adora, que se caracteriza por um grande impacto físico, de segundas bolas, de qualidade e de aposta tanto na largura como na profundidade. Eu passei um bocado mal e quando já estava finalmente a adaptar-me a esse futebol sofri uma uma lesão no joelho que me afastou durante mais de um mês. Tive poucas oportunidades para jogar no Nantes, mas nos treinos senti que evoluí muito durante esses quatro meses“, referiu.

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Hoje o médio é o símbolo do clube, mas a sua afirmação foi demorada.

Nem todos podem ser como o Mbappé, que tem jogado ao mais alto nível desde que tinha 18 anos. Isso não é normal, o normal é um percurso como o meu, com dificuldades, com empréstimos, com tudo aquilo que faz parte da evolução de um profissional e de um ser humano. Há que trabalhar todos os dias para que um dia chegue o sucesso e quando isso acontece há que continuar a trabalhar. Houve uma altura em que eu achei que não ia voltar ao Porto. Quando fui para o Paços de Ferreira pensei: ‘e agora como é que eu vou voltar para o Porto?’ Não desisti e consegui voltar a subir, o que não é muito comum. Isso abriu-me os olhos para não voltar a cair. Continuei sempre a trabalhar da mesma forma e depois o Mister Sérgio Conceição deu-me aquilo de que eu precisava. Olhou para mim e disse: ‘Tu tens qualidade, mas precisas de evoluir em certos aspetos’. Desde o primeiro dia que estive disposto a evoluir, a trabalhar, a ouvir, a acatar, a aprender. E ainda hoje é assim. Tinha vontade em ser mais. Queria ser uma referência do clube e o Mister Sérgio teve um papel preponderante nesse aspeto. Estou no auge da minha carreira aos 28 anos, mas não foi fácil”, disse.

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De resto a ligação de Sérgio Oliveira ao clube dura praticamente desde berço.

Sou sócio do Porto quase desde que nasci e isso fica a dever-se a um meu tio, que era um portista ferrenho, pelo que esse sentimento que me liga ao clube está presente desde sempre. Lembro-me perfeitamente do primeiro treino de captação que fui fazer ao Porto, até porque foi esse meu tio que me levou e ele estacionou o carro num local proibido. Conclusão: foi multado! Eu tinha nove anos e nunca me vou esquecer desse momento. Foi no antigo campo da Constituição, que na altura ainda era pelado. Lembro-me de entrar e de sentir aquele nervoso miudinho. Eu vinha de uma vila humilde e poder vestir a camisola do Porto com nove anos de idade, ou pelo menos ter a possibilidade de a vir a envergar, porque não sabia se ia ficar no clube, era algo de incrível“, concluiu.

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