A história começa como tantas outras: um miúdo cheio de energia, uns ténis nos pés e uma vontade incontrolável de correr. Só que este não é um miúdo qualquer. Iván Blanco, com apenas 10 anos de idade, já corre como se tivesse nascido com molas nos pés e um relógio no lugar do coração.
Veja também: Ex-Benfica Belotti pode voltar ao futebol português
Recentemente, o jovem espanhol fez 25 quilómetros a um ritmo absolutamente insano para a idade: 4 minutos e 57 segundos por quilómetro. Sim, leu bem. Não estamos a falar de um adulto, nem de um atleta olímpico — estamos a falar de um miúdo que provavelmente ainda vê desenhos animados e que, se calhar, só agora aprendeu a tabuada do 9.
Mas enquanto uns batem palmas, outros… batem com a mão na testa.
A máquina Iván Blanco
Numa entrevista à marca Vitamin Well, Iván descreveu uma rotina que faria corar muitos maratonistas: treina duas vezes por dia, faz exercícios para o ‘core’, trabalha a mobilidade do quadril (quem é que sabe o que é isso aos 10 anos?!) e segue uma dieta rigorosa. Ah, e já pediu aos pais uma piscina de gelo para ajudar na recuperação.
Refeição preferida antes das provas? “Arroz com beterraba”, responde, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Só faltava dizer que o lanche era tofu com sementes de chia e uma leitura rápida da Runner’s World.
Veja também: Esgaio perto de trocar o Sporting por destino surpreendente
Além dos 25 km, o prodígio também já fez os 5 km em 17 minutos e 25 segundos. Para referência: há adultos a treinarem há anos que não conseguem esse tempo nem com o incentivo de um javali a persegui-los.
Nem tudo são medalhas
Mas calma. Nem todos estão a aplaudir de pé. As redes sociais entraram em ebulição e algumas vozes da modalidade pedem… prudência. E gelo. Muito gelo.
O olímpico espanhol Carles Castillejo foi directo ao osso: “É uma loucura correr distâncias assim com um corpo que ainda está em desenvolvimento”. A também atleta Águeda Marqués deixou o alerta: “Estas cargas representam um enorme stress para uma criança com esta idade. Há uma probabilidade muito elevada desta história terminar mal”.
De facto, quando um miúdo de 10 anos treina mais que o teu primo de 30 que está a preparar a meia-maratona de Lisboa, é normal que haja sobrancelhas a erguerem-se.
Veja também: Nem na equipa B: Farioli encosta mais um jogador do FC Porto
Paixão ou pressão?
É inegável que Iván tem paixão pelo atletismo. O problema está em perceber onde acaba a motivação e onde começa a exigência desmedida. Porque se aos 10 anos ele já vive como um atleta de alta competição, o que resta fazer aos 15? E aos 18? Trocar o arroz com beterraba por frango grelhado com lágrimas?
Por enquanto, Iván diz que quer continuar a correr, a treinar, a melhorar. E nós, do lado de cá, torcemos para que o faça com saúde, com alegria e — porque não — com uma infância pelo meio. Nem que seja a ver uns desenhos animados entre treinos. Só para manter o equilíbrio.