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Internacional
02/08/25

Arábia Saudita passa a apostar em jovens craques - Eis o motivo

Depois de Ronaldo e Benzema, agora é João Félix, Retegui e Theo Hernández a rumar ao deserto. A liga saudita quer ser uma potência do futebol mundial.

Durante muito tempo, a Saudi Pro League foi rotulada como “a liga dos reformados”, com nomes como Cristiano Ronaldo, Karim Benzema, Neymar ou Kanté a serem aliciados com fortunas para terminar carreira no deserto. Mas esse paradigma mudou — e rapidamente. 

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Na atual janela de transferências, a Arábia Saudita virou o foco para jogadores em plena fase de maturação, alguns deles ainda no início das suas carreiras. João Félix, Mateo Retegui, Theo Hernández e Gabriel Carvalho são os novos rostos de uma estratégia que já não se limita a fazer manchetes com estrelas em declínio, mas procura afirmar-se como um verdadeiro destino competitivo. O objectivo? Tornar a liga uma das melhores do mundo até ao Campeonato do Mundo de 2034 — que já tem casa garantida: o reino saudita. 

João Félix: do trono de promessa ao reencontro com Ronaldo 

O caso mais mediático é português. João Félix, outrora considerado o herdeiro natural de Cristiano Ronaldo, junta-se agora ao capitão da Seleção Nacional na mesma equipa, o Al Nassr. A transferência custou 30 milhões de euros — um valor bem distante dos 127 milhões que o Atlético de Madrid pagou ao Benfica, mas ainda assim significativo, dada a queda de prestígio do jogador após passagens falhadas por Chelsea, Barcelona e Milan

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Félix tem 25 anos e ainda muitos anos de futebol pela frente. É precisamente esse o perfil que os sauditas agora procuram: jogadores com margem de progressão, com nome no mercado europeu, e que possam dar rendimento imediato — dentro e fora de campo

Retegui, Theo Hernández e Gabriel Carvalho: juventude em alta 

O avançado ítalo-argentino Mateo Retegui, de 26 anos, foi uma das maiores surpresas: trocou a Serie A e a possibilidade de jogar na Liga dos Campeões pela tranquilidade financeira do Al-Qadisiya, por uns impressionantes 68,25 milhões de euros. Theo Hernández (27 anos) deixou o AC Milan rumo ao Al Hilal, enquanto o promissor Gabriel Carvalho, de apenas 17 anos, rejeitou uma ida para a Europa para assinar diretamente com o Al Qadsiah, assim que atingir a maioridade em agosto

O mesmo padrão repete-se noutros nomes contratados no mercado de inverno, como Jhon Duran (21 anos, ex-Aston Villa, 77 milhões) ou Moussa Diaby (25, também ex-Villa, por 60 milhões). Mohamed Simakan (24), do Leipzig, também se juntou a Cristiano Ronaldo no Al Nassr. Todos eles em idade de dar cartas nos maiores palcos da Europa, mas optaram por antecipar o conforto financeiro.

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Sportswashing e estratégia concertada

Mais do que reforçar plantéis, a Arábia Saudita quer limpar a imagem internacional. As críticas em torno de violações de direitos humanos e do conceito de sportswashing são conhecidas, e o investimento no futebol tem sido uma das faces mais visíveis dessa tentativa de reabilitação externa.

A própria Saudi Pro League admite ter revisto a sua estratégia. Um relatório interno fala em cinco pilares fundamentais para o crescimento da liga, sendo o primeiro “o desenvolvimento e recrutamento de talentos de topo”. Para isso, foram criados comités de análise de transferências, responsáveis por validar a contratação de atletas, especialmente aqueles em final de carreira, para evitar repetições de investimentos que geraram pouco retorno desportivo.

Um campeonato em ascensão… e em preparação para 2034

Com o Mundial já assegurado para 2034, a Arábia Saudita está a acelerar todos os processos. O tempo das contratações de impacto imediato parece ter dado lugar a uma lógica mais estrutural. As grandes estrelas foram o chamariz. Agora, o foco passa por consolidar um campeonato com jovens talentos e competitividade interna.

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A pergunta impõe-se: será que o modelo resulta e os jogadores vão regressar mais fortes… ou cair no esquecimento longe dos grandes palcos europeus? Para já, a Arábia Saudita não parece preocupada. Tem dinheiro, tem poder… e tem cada vez mais jogadores a dizer “sim”. 

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André Miguel Rodrigues