Pedro Gonçalves, ou simplesmente Pote, esteve à conversa com Daniel Oliveira no programa Alta Definição da SIC e o resultado foi uma entrevista de peito aberto. O médio do Sporting contou histórias da sua infância em Vidago, os tempos em que vivia dentro de um estádio, a relação com Ruben Amorim, e até confidências sobre o pai, que nunca chegou a conhecer.
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“Continuo a ser aquele miúdo resmungão, que gosta de mandar piadas”, começou por dizer, entre sorrisos, antes de admitir que não se vê como uma figura de autoridade no balneário leonino. “Não me sinto assim tão importante, mas fico feliz por olharem para mim como alguém que se está a tornar líder.”
Mas há uma figura que o ajudou — e muito — nesse caminho: Ruben Amorim. “Somos muito parecidos. Adoro-o como pessoa. Dizia-lhe para me ajudar se me perdesse em bate-bocas. E ele deu-me um conselho que nunca esqueci: não deixar o tempo passar.”
Da casa dos roupeiros ao palco dos campeões
Quem vê hoje Pote a brilhar com a camisola do Sporting talvez não imagine que, em tempos, vivia dentro do estádio do Vidago, literalmente. “A minha mãe trabalhava lá e morávamos com o meu padrasto na casa dos roupeiros. Esperava que os jogadores chegassem para os ajudar nos treinos. E depois ficava a jogar até o presidente ligar para a minha mãe a pedir para desligar as luzes”, contou, com nostalgia.
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Foi no meio desse cenário tão singular que Pedro começou a jogar futebol… mas também andebol e atletismo. Um verdadeiro desportista multifunções com um faro apurado para o golo (e para bater bolas nos treinos, claro).
O silêncio sobre o pai, o abraço difícil e as lágrimas em segredo
Na parte mais emotiva da entrevista, o internacional português falou sobre o pai, bombeiro, que faleceu quando Pedro era ainda muito pequeno. “Nunca o conheci. Sei que teve uma vida incrível. Dizem que a minha personalidade é parecida com a dele. Falo muitas vezes com ele.”
Sobre as marcas da infância, confessou: “Às vezes sou frio. Não dou abraços. Houve fases em que chorei sozinho.” Apesar disso, reconhece o papel crucial do padrasto, que considera como um verdadeiro pai.
Famalicão, Alvalade e quase 200 jogos depois…
A história de superação culmina na carreira de sucesso. Depois de passagens discretas por Chaves, Braga, Valência e Wolverhampton, foi no Famalicão que deu o verdadeiro salto em 2019/20. Chegou ao Sporting e, desde então, já soma 198 jogos, 82 golos e 49 assistências, com três campeonatos no bolso e uma Liga das Nações com Portugal.
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Aos 25 anos, Pote continua a dar tudo em campo — mas agora sabemos que também tem muito para contar fora das quatro linhas. E que atrás daquele sorriso maroto e jeito de líder tímido está um miúdo que cresceu a acender as luzes do estádio… e a sonhar com o que está a viver agora.