Nuno Catarino, vice-presidente e CFO do clube, explicou em detalhe como será concretizado o aumento da capacidade do Estádio da Luz para 80 mil lugares, numa sessão de esclarecimento realizada no Instituto Superior de Engenharia, na Universidade do Algarve, em Faro, perante sócios do clube.
O dirigente confirmou que o plano passa, de forma clara, por levar a Luz dos actuais 68.116 lugares até à fasquia simbólica dos 80 mil. “Nunca o veiculámos desta maneira”, admitiu, antes de revelar que o projecto é interno, já está em marcha e tem um custo estimado de 75 milhões de euros. Segundo Nuno Catarino, o processo será faseado e pensado para não interromper a utilização normal do estádio, algo considerado essencial do ponto de vista operacional e financeiro.
O primeiro passo será a remodelação do piso 0, seguindo-se o rebaixamento do relvado, numa solução que aproximará o estádio de um modelo “mais à inglesa”, com os adeptos mais próximos da acção. O terceiro passo passa pela criação de áreas de safe standing, com sectores destinados a adeptos de pé, solução comum em vários clubes alemães, mas que enfrenta entraves legais em Portugal. O último avanço acontecerá já em ligação directa ao Benfica District, com o reforço da estrutura exterior a permitir a criação de novas filas de lugares na parte superior do estádio. O custo médio por lugar rondará os sete mil euros, valor que, segundo o dirigente, está alinhado com os padrões internacionais.
Para além da vertente desportiva, Nuno Catarino sublinhou que o Benfica District pretende transformar a zona da Luz num verdadeiro “destino”, com uma componente comercial que ocupará cerca de sete por cento da área total. Essa vertente será fundamental para a rentabilização do investimento, seguindo exemplos de clubes como Tottenham, Manchester City, Real Madrid ou Barcelona.
O financiamento do projecto global, avaliado em cerca de 220 milhões de euros, ainda não está fechado, algo que o próprio vice-presidente assumiu sem rodeios. A Direcção não quer que o Benfica District se transforme num peso excessivo para a tesouraria e admite mesmo a possibilidade de não avançar caso os custos finais se afastem demasiado das estimativas actuais. Ainda assim, existe margem para negociar prazos com a banca. O plano passa por amortizar o investimento em 15 anos, um objectivo ambicioso, como reconheceu Catarino, recordando que o Sporting, na operação Alvaláxia, trabalhou com um horizonte de 27 anos.
Caso o projecto seja aprovado na Assembleia Geral marcada para 3 de Janeiro, o passo seguinte será a entrada formal do processo na Câmara Municipal de Lisboa. Na mesma sessão, José Gandarez, também vice-presidente do Benfica, revelou que o Benfica District poderá ser decisivo para fechar o naming do Estádio da Luz, um dossiê em negociação. A cobertura prevista para o estádio poderá transformar-se num verdadeiro “outdoor gigante”, aumentando o atractivo para marcas fortes e de reputação sólida, com contratos normalmente pensados para períodos entre oito e dez anos.
Gandarez fez ainda questão de sublinhar que o objectivo central do clube continua a ser ganhar títulos. O Benfica District surge, neste contexto, como uma ferramenta para gerar receitas sustentáveis e reduzir a dependência de vendas de jogadores, prémios desportivos e quotas dos sócios.
