FC Porto, Benfica, Sporting, SC Braga… e mais ninguém. A Liga Portuguesa apresenta, ao longo da última década, uma das estruturas competitivas mais fechadas do futebol europeu, sendo mesmo — segundo os dados mais recentes — a liga mais monótona do continente no que toca à diversidade no top-4.
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Entre 2015/2016 e a atual temporada (2024/2025), apenas cinco clubes diferentes ocuparam os quatro primeiros lugares do campeonato português: os três grandes, o SC Braga (presença assídua) e, uma única vez, o Vitória de Guimarães, em 2016/17.
Este dado contrasta com campeonatos como o alemão, francês, belga ou checo, onde dez clubes distintos entraram no top-4 nesse mesmo período. Mesmo Ligas como a inglesa, espanhola ou turca, tradicionalmente dominadas por históricos, revelam uma maior rotatividade e competitividade nos lugares cimeiros.
🥇 Campeões diferentes? Também poucos…
No que toca a títulos, Portugal também não foge à regra da previsibilidade. Em nove campeonatos completos desde 2015/16, apenas três clubes foram campeões: Benfica (4), FC Porto (3) e Sporting (2). O cenário é idêntico em Espanha (Real Madrid, Barcelona e Atlético), França (PSG, Lille e Mónaco) e Países Baixos (Ajax, PSV, Feyenoord), ainda que nestas Ligas o top-4 seja mais diversificado.
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Já Ligas como a Premier League, Serie A italiana, Superliga turca ou Pro League belga contam com quatro campeões diferentes nos últimos dez anos. Um claro sinal de maior competitividade.
📊 Liga portuguesa: previsível no topo e no pódio
O estudo do comportamento das Ligas revela ainda que Benfica, FC Porto e Sporting estiveram sempre entre os quatro primeiros classificados ao longo da última década — fenómeno partilhado, entre os grandes da Europa, apenas por clubes como Real Madrid, Barcelona, Atlético, Bayern, PSG, PSV, Club Brugge ou Slavia Praga.
Mesmo o SC Braga, quarto elemento recorrente no top-4, nunca se aproximou verdadeiramente da luta pelo título — exceção feita a breves fases isoladas — reforçando a perceção de que o campeonato português tem uma elite consolidada e pouco permeável a surpresas.
⚠️ Reflexo do modelo competitivo… e económico
Esta falta de variação nos lugares cimeiros não é apenas sintoma desportivo, mas também reflexo da estrutura económica da Liga. A enorme disparidade de recursos, orçamentos e capacidade de investimento entre os três grandes e os restantes clubes limita a ambição e a margem de manobra dos restantes emblemas.
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A somar a isto, a ausência de incentivos estruturais à competitividade — como um modelo mais equilibrado de distribuição de receitas televisivas — contribui para este cenário de previsibilidade.
📉 O retrato de uma década no topo da Liga Portuguesa:
• Campeões (desde 2015/16): Benfica (4), FC Porto (3), Sporting (2)
• Equipas no top-4: FC Porto, Benfica, Sporting, SC Braga, Vitória de Guimarães (1 vez)
• Número de equipas diferentes no top-4: 5
• Ligas com mais diversidade no top-4: Alemanha, França, Bélgica e Chéquia (10 equipas)
• Portugal é a única liga do top europeu com tão pouca rotação no topo da tabela