O conflito entre Rafa Silva e o Besiktas ganhou novos contornos este sábado, depois de Sergen Yalcin, treinador do clube turco, ter revelado publicamente a cronologia da rutura com o avançado português.
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Numa intervenção marcada por franqueza e algum desalento, o técnico explicou que a tensão começou logo no dia em que assumiu o comando da equipa.
“Logo no meu primeiro dia Rafa disse-me: ‘Estou infeliz aqui. Vim ao estágio de pré-temporada obrigado. Não quero ficar’. O Keny Arroyo também disse a mesma coisa”, começou por relatar Yalcin, acrescentando que, inicialmente, acreditou ter conseguido controlar a situação: “Na altura resolvi o problema, pelo menos a curto prazo. Disse-lhe que o iríamos sentir confortável.”
No entanto, o ambiente deteriorou-se novamente com o decorrer das semanas. “Algum tempo depois, a questão voltou outra vez. Quando a equipa não consegue estar na posição que queremos, ficamos naturalmente enfraquecidos. Disse-lhe que era muito valioso para nós, o nosso jogador mais importante”, explicou o treinador, sublinhando que tentou várias vezes recuperar o jogador para o grupo.
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A rutura definitiva terá acontecido “durante a semana do jogo com o Kasimpasa”, quando a situação se tornou “insustentável”. Segundo Yalcin, o jogador terá tomado uma posição clara e radical: “O jogador declarou de imediato que não iria treinar nem jogar. A situação ficou fora do meu controlo. Disse ao presidente que não tinha mais condições para resolver a questão.”
Apesar do desgaste evidente, o técnico garante que sempre tratou Rafa com respeito e que até pediu desculpa pela substituição que provocou parte do conflito. “Pedi-lhe desculpa por tê-lo retirado do jogo, mas ninguém é maior do que o Besiktas”, disparou.
Rafa, segundo Yalcin, deixou de comunicar diretamente com a equipa técnica. “Rafa cortou a comunicação connosco e está a enviar mensagens através do empresário”, lamentou o treinador, acrescentando que o comportamento gerou insegurança dentro da própria estrutura: “Todas as segunda-feiras, pensávamos ‘Será que o Rafa irá treinar ou jogar?’ O empresário dele ligou ao clube e ameaçou-o.”
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A porta, ainda assim, não está completamente fechada. “Se quiser vir treinar, que venha. Irá ser utilizado”, garantiu. Mas deixou claro que a decisão final não está nas suas mãos: “Agora se vai continuar ou rescindir é com o clube. Não depende de mim.”
Para ilustrar a sua posição, Yalcin evocou o exemplo máximo da disciplina desportiva: “Cristiano Ronaldo e Messi também são substituídos. Ninguém é maior do que o Besiktas.”
A terminar, reforçou a dificuldade em dialogar com o internacional português: “Como posso falar com o Rafa? Ele não fala. Ele não se digna a falar. Encontra-se com o presidente. Adora-o.”
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Com o futuro de Rafa Silva no Besiktas envolto em incerteza, o clube prepara agora os próximos passos perante um dos episódios mais turbulentos da sua temporada.
