As declarações foram feitas na Câmara dos Comuns, durante a última sessão de Prime Minister’s Questions do ano, num momento em que o conflito na Ucrânia entra no seu quarto inverno.
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Starmer foi questionado sobre as medidas que o Reino Unido está a adoptar para continuar a apoiar a Ucrânia face à invasão russa e aproveitou a ocasião para abordar diretamente o dossiê Abramovich. O primeiro-ministro revelou que o Governo britânico está a trabalhar em estreita articulação com Kiev e com os seus aliados internacionais para encontrar formas legais de utilizar activos russos congelados, de modo a apoiar a população ucraniana “na sua hora de maior necessidade”.
Foi nesse contexto que anunciou um passo concreto e há muito aguardado: a emissão de uma licença que permitirá transferir os 2,5 mil milhões de libras resultantes da venda do Chelsea Football Club, montante que se encontra congelado desde 2022, na sequência das sanções impostas ao oligarca russo. A venda do clube ocorreu após Abramovich ter sido alvo de sanções, devido às suas ligações ao Kremlin, no início da guerra na Ucrânia.
“O meu recado para Abramovich é simples: o tempo está a esgotar-se. Honre o compromisso que assumiu e pague agora”, afirmou Starmer, num tom firme. O primeiro-ministro foi ainda mais longe, garantindo que, caso não haja cooperação por parte do antigo dono do Chelsea, o Governo está preparado para recorrer aos tribunais. “Se não o fizer, estamos prontos para avançar judicialmente, para garantir que cada cêntimo chega àqueles cujas vidas foram destruídas pela guerra ilegal de Putin”, sublinhou.
Recorde-se que Abramovich tinha indicado, aquando da venda do Chelsea, que os fundos seriam destinados a apoiar vítimas da guerra na Ucrânia. No entanto, a complexidade jurídica associada às sanções e à origem do dinheiro tem atrasado a utilização efetiva desse montante, que permanece bloqueado em território britânico há quase três anos.
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A posição agora assumida por Starmer representa um endurecimento claro da postura do Governo britânico, que procura não só reforçar o apoio à Ucrânia, como também enviar um sinal político forte sobre a utilização de activos ligados a oligarcas russos sancionados. Ao mesmo tempo, o caso volta a ligar de forma direta o futebol de elite à geopolítica internacional, lembrando que a venda do Chelsea continua a ter repercussões muito para além do relvado.
