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Nacional
03/12/25 às 13:23

Mariana Cabral denuncia falta de oportunidades no UEFA Pro: “O modelo foi feito para o futebol masculino”

Mariana Cabral voltou a levantar uma questão que, apesar de antiga, continua longe de estar resolvida: o acesso desigual das mulheres ao curso UEFA Pro.

Em entrevista à Rádio Renascença, a antiga treinadora do Sporting explicou as barreiras estruturais que dificultam a progressão das treinadoras no futebol de elite, revelando que as vagas disponíveis e os critérios de admissão não estão ajustados à realidade do futebol feminino.

A técnica, que deixou o Sporting no final da última época antes de iniciar uma aventura profissional nos Estados Unidos, onde integrou a equipa técnica dos Utah Royals em 2025, assume que o seu percurso tem sido condicionado pela ausência desta certificação essencial para treinar ao mais alto nível. E o problema, sublinha, não está na competência das treinadoras, mas sim no próprio sistema: “Tentei entrar no UEFA Pro e é muito difícil, mais ainda para uma mulher. Os primeiros critérios são estar na Primeira Liga masculina, na Segunda Liga masculina ou numa Seleção Nacional. Não chega”, lamentou.

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Mariana Cabral revela mesmo que perdeu propostas em Espanha, Inglaterra e Arábia Saudita, precisamente pela falta do UEFA Pro – um requisito que, apesar de teoricamente acessível, torna-se quase inalcançável quando o número de vagas é reduzido e os critérios privilegiam contextos onde as mulheres continuam sub-representadas. “A quantidade de vagas foi desenhada para o futebol masculino. Não chega”, reforçou.

Apesar das dificuldades, Mariana mantém-se firme no seu percurso internacional. Já confirmou que continuará nos Estados Unidos na próxima temporada, ainda que não permaneça nos Utah Royals. A treinadora portuguesa segue assim a construção da sua carreira num campeonato onde o futebol feminino tem maior expressão e onde, acredita, poderá encontrar mais oportunidades para crescer enquanto técnica.

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No entanto, o tema deixa um aviso à navegação: enquanto o acesso às qualificações máximas continuar formatado com base no futebol masculino, muitas treinadoras de talento reconhecido enfrentarão um bloqueio injusto nas suas carreiras. E Mariana Cabral é apenas um dos rostos mais visíveis de um problema estrutural que o futebol europeu ainda está longe de resolver.