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Nacional
03/12/25 às 18:43

Árbitros ameaçam parar o futebol português: APAF endurece protesto e coloca pressão máxima sobre a Liga

A arbitragem portuguesa entrou numa das fases mais tensas dos últimos anos.

A Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) anunciou esta quarta-feira que irá intensificar as ações de protesto e admite mesmo avançar para uma “paragem total” caso não sejam implementadas medidas imediatas que garantam “respeito, segurança e dignidade” no exercício da função. A ameaça surge no seguimento de um comunicado intitulado “Cartão Vermelho à Violência Verbal”, que denuncia o clima deteriorado em torno da arbitragem nacional.

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O aviso da APAF não caiu do nada. No passado dia 12 de Novembro, a associação reuniu-se com a Liga Portugal e apresentou um conjunto de propostas regulamentares centradas no agravamento das punições para comportamentos de violência verbal e física dirigidos aos árbitros. O objectivo era claro: reforçar as ferramentas disciplinares de forma imediata, já nesta temporada. No entanto, qualquer alteração depende de unanimidade em Assembleia Geral, e a resposta da Liga ficou longe do que os árbitros consideram adequado.

“O que foi apresentado não satisfez as pretensões”, lê-se no comunicado. Por isso mesmo, os árbitros anunciam que vão manter e intensificar o protesto, deixando aberta a possibilidade de uma paralisação completa, caso nada mude “em tempo útil”. A APAF exige ainda que o tema seja debatido esta quinta-feira, 4 de Dezembro, na Assembleia Geral da Liga e também na Cimeira de Presidentes, reforçando a urgência do momento e a pressão sobre os clubes.

Em contraste com o desentendimento com a Liga, a APAF destaca um tom mais colaborativo vindo da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). O comunicado agradece o “compromisso do Conselho de Arbitragem” em melhorar as condições de trabalho e sublinha a disponibilidade do presidente federativo Pedro Proença, que se mostrou pronto a ratificar de imediato quaisquer alterações regulamentares aprovadas pela Liga.

Apesar disso, a associação alerta que o clima hostil está a afectar não apenas os árbitros das competições profissionais, mas também todas as divisões nacionais e distritais, onde os episódios de falta de segurança têm aumentado. A APAF descreve um ambiente de desgaste crescente, que ameaça não apenas o desempenho dos árbitros, mas o normal funcionamento das competições.

A possibilidade de uma paragem total não é inédita na arbitragem portuguesa, mas uma ameaça tão clara num momento em que o calendário competitivo está carregado acende todos os alarmes. Caso a situação evolua para greve, o futebol português poderá enfrentar uma das suas maiores crises organizativas recentes — e com impacto directo em clubes, adeptos e competições.

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Por agora, a bola está do lado da Liga. E o relógio não pára.

Miguel Costa