Mariana Cabral, antiga treinadora da equipa feminina do Sporting, voltou a abordar publicamente a sua saída do clube leonino, ocorrida em outubro de 2023.
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Atualmente a trabalhar nos Utah Royals, da liga norte-americana NWSL, como adjunta da belga Jimmy Coenraets, a técnica portuguesa deixou críticas duras à forma como o futebol feminino é tratado em Portugal — e, em particular, à gestão da secção feminina do Sporting.
Em entrevista ao podcast Olhá Bola, Maria, da Rádio Renascença, Mariana Cabral foi frontal:
«O Sporting podia ser muito melhor do que aquilo que é. Só que há um problema grande em Portugal: as pessoas acham que nos estão a fazer um favor por terem uma equipa feminina. Quase que nos obrigam a estar gratas por isso».
A treinadora confessou que foi precisamente esse sentimento de desilusão que motivou a sua saída:
«Fazia-me muita confusão. E também foi por isso que acabei por me demitir — porque senti que já não tinha vontade de dar a cara por algo em que já não acreditava».
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«Nem gabinete para os treinadores tínhamos»
Mariana recorda que, quando assumiu o comando da equipa principal, as condições estavam muito longe do ideal:
«Quando entrámos no Sporting, nem gabinete para os treinadores havia. Também não havia câmara, era emprestada. Não havia scouting. Parece outro tempo».
Ainda que admita que algumas melhorias foram implementadas com o tempo, destaca que tudo teve de ser construído «do zero» e «por iniciativa própria».
Um dos episódios que mais a marcou ocorreu em agosto de 2024, quando a jogadora Joana Martins fraturou a clavícula e só foi operada duas semanas depois, apesar das dores:
«A pancada que levei só por ter dito isso… O meu trabalho é proteger as jogadoras. E quando isto acontece uma, duas, três vezes…», desabafou.