Com uma entrada fortíssima, oportunidades flagrantes, um golo em cada parte e uma gestão de jogo irrepreensível, os encarnados mantêm intactas as esperanças de seguir em frente na Liga dos Campeões, perante um ambiente electrizante que empurrou a equipa durante os 90 minutos.
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A primeira parte foi um manifesto de intensidade e ambição. O Benfica entrou como raramente se viu esta época: pressionante, agressivo, rápido a decidir e dominador em todos os duelos. Antes dos 12 minutos já Ivanovic podia ter marcado por duas vezes, primeiro negado por Milinkovic-Savic e depois a rematar ao lado na recarga. Pouco depois seria a vez de Aursnes falhar isolado, desperdiçando um lance que arrancou um misto de desespero e aplauso da Luz, que reconhecia a entrada vigorosa da equipa.
O golo acabaria por surgir ao minuto 20, num lance que espelha na perfeição o novo ADN encarnado. Dahl cruzou, após recuperação alta, a bola desviou em McTominay e Ivanovic antes de sobrar para Richard Ríos, que finalizou com classe perante um estádio em euforia. O Benfica não tirou o pé do acelerador e continuou a criar perigo, fosse pela intensidade na reacção à perda, fosse pelas transições rápidas que repetidamente apanharam o Nápoles em contrapé. Otamendi ainda esteve perto de marcar num lance acrobático, antes do intervalo premiar uma primeira parte em que o único pecado foi a falta de eficácia para construir um resultado mais dilatado.
A segunda parte começou praticamente com o ponto final no jogo. Aos 49 minutos, Leandro Barreiro concluiu um contra-ataque perfeito com um gesto de grande categoria — um desvio de calcanhar à ponta de lança, após cruzamento de Ríos. A explosão de alegria foi transversal aos adeptos e à própria equipa, consciente de que tinha dado um passo decisivo rumo à vitória.
A partir daí, o Benfica mostrou outra faceta: maturidade. Sem abdicar completamente de atacar, soube baixar o ritmo, controlar as emoções e gerir espaços, permitindo ao Nápoles ter mais bola, mas raramente aproximar-se com perigo da baliza de Trubin. Pavlidis, já em campo, esteve por duas vezes perto do 3-0, mas Milinkovic-Savic evitou o desfecho mais pesado para os italianos.
Mourinho, percebendo o pulso ao jogo e a confiança das bancadas, aproveitou a recta final para lançar dois talentos da formação. Tiago Freitas, de 19 anos, entrou para grande ovação, mas o momento mais simbólico acabou por ser a estreia de José Neto, campeão do mundo sub-17, recebido com um apoio ensurdecedor. Foi a prova viva de que o Benfica cresce dentro de campo… e cresce também por dentro, com espaço para projectar o futuro.
Até ao último minuto o Nápoles tentou reduzir, mas encontrou sempre um Benfica adulto, compacto e emocionalmente seguro — algo que os encarnados procuravam há muito em noites europeias. Quando Slavko Vincic apitou para o final, o estádio levantou-se num aplauso que não foi apenas pela vitória, mas pelo comportamento competitivo da equipa durante todo o encontro.
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Mourinho queria noites europeias à Benfica. Esta foi a primeira grande demonstração de que o caminho está a ser percorrido — com carácter, com intensidade e com uma maturidade que há muito não se via na Luz. A qualificação continua em aberto, mas após esta noite, também continua perfeitamente ao alcance.
