Cristóvão Caravalho recebeu a equipa do Adeptos de Bancada na sua sede para uma entrevista onde deu conta dos seus planos para a presidência do Benfica.
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AB: Um dos pontos que mais chamou a atenção no seu programa é a vontade de conduzir o Benfica à conquista da Liga dos Campeões. Não tem receio que que os benfiquistas olhem para esta proposta ambiciosa como algo populista?
CC: "Tenho, desde o início. Eu já sabia disso. Mas isso diz muito de mim. Esse foi um desafio extra que eu tive de enfrentar como não sendo uma pessoa conhecida, não tendo notoriedade. Tivemos essa consciência mas tive de fazer a medida entre aquilo em que eu acredito e aquilo que os benfiquistas acreditam neste momento e para eu liderar o Benfica eu tenho de pensar diferente desses benfiquistas. Aquilo que aconteceu ao Benfica ao longo destes anos foi habituar os sócios à mediocridade, a aceitar com tranquilidade a derrota e a ter vergonha da dimensão do clube. E eu não vejo o meu clube assim. E quando lançámos esta ideia de que queria ganhar três títulos europeus, o primeiro uma Champions, eu sabia o que ia encontrar. “É impossível”, “Louco”, “Mais um que quer notoriedade à conta do Benfica”, “Isto é uma loucura”.
Mas fizemos uma evolução de há um ano para cá e sabe o que é que aconteceu que me dá imenso orgulho? Eu tenho os meus concorrentes com vergonha a dizerem que também querem ganhar uma Champions. Afinal o Cristóvão tinha razão. Isso só me dá mais coragem e determinação de que o meu projeto é o projeto certo. Mas aos meus concorrentes ainda está a faltar uma coisa.
Porque uma coisa é dizer que quero ganhar três títulos europeus, explicar como o fazer e demonstrar que reúno as condições financeiras para o poder fazer. Desde o primeiro dia pensei o Benfica para ganhar um título europeu e disse aos benfiquistas que precisava de 12 anos para o fazer. Não se ganha isto em quatro anos. Onde é que o Benfica vai arranjar dinheiro para isso? É óbvio que o modelo que tem de ser implementado no Benfica não pode ser o mesmo que é implementado no Chelsea, no City ou no PSG porque o Benfica não é esse tipo de clube. O Benfica é um clube associativo, depende dos seus sócios enquanto os outros que citei têm donos. Somos 400 mil, com uma capacidade de crescimento brutal e eu quero chegar a um milhão de sócios em quatro anos".
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AB: E qual é a solução financeira?
CC: "Nós sabemos que o Benfica tem, além das suas receitas ordinárias, as receitas comuns são consumidas por toda a sua estrutura, o clube dá um prejuízo de 80 a 100 milhões por ano. No primeiro dia de exercício, o atual presidente do Benfica já sabe que tem de arranjar, extraordinariamente, 100 milhões de euros. Esse é o seu foco e da estrutura. E como é que o Benfica tem resolvido esse problema? Receitas extraordinárias, ou seja, venda de jogadores. E isto tem feito com que se tenham sido vendido os nossos melhores jogadores e a equipa fica mais fraca, fazendo com que tenhamos sempre de comprar e vender jogadores. Por isso é que os sócios dizem que o Benfica se tornou num entreposto de jogadores. Ora qual é o principal segredo das equipas que ganharam a Champions? Estabilidade.
Passei mais de um ano a viajar por essa Europa para encontrar o melhor parceiro para assessorar o Benfica e a mim e encontrar uma solução de 400 milhões de euros num limite de 100 milhões de euros por anos para que quando chegar à presidência a questão financeira não seja uma preocupação.
Com isto não aumento a dívida do Benfica porque é uma dívida de investimento. Eu só preciso desta dívida no tempo necessário para baixar as “gorduras a mais” e aumentar o nível de receitas. Tenho um plano financeiro que em cinco anos as receitas do Benfica passem para 700 milhões de euros, quer pela renegociação de contratos, quer pela renegociação dos direitos televisivos, pela solução da otimização da venda de jogadores não essenciais".