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Nacional
14/11/25 às 16:11

Lage responde a boca de Mourinho: "Tenho as costas largas"

Bruno Lage analisou publicamente o presente do Benfica, deixando elogios a Rui Costa, garantindo paz com Mário Branco e admitindo que nunca foi ingénuo sobre a possibilidade de José Mourinho o substituir.

Bruno Lage voltou a falar sobre o Benfica, à margem de uma apresentação na Faculdade de Motricidade Humana, onde abordou a curta pré-temporada e respondeu às questões dos jornalistas sobre o momento turbulento vivido no clube.

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Entre eleições, clima nas bancadas e relações internas, o ex-treinador encarnado deixou várias mensagens claras — e algumas revelações.

No rescaldo do ato eleitoral, Lage afirmou que o resultado não o surpreendeu: “As eleições terminaram e há um vencedor que, para mim, não é surpresa – o presidente Rui Costa. O técnico reforçou ainda que não guarda qualquer ressentimento pela forma como saiu do clube em setembro.

Um dos casos mais mediáticos foi o desentendimento com Mário Branco sobre a calendarização do jogo com o Santa Clara, situação que motivou especulação pública. Lage fez questão de clarificar: “Eu estou em paz com o Mário Branco. Como ele teve essa oportunidade de dizer publicamente, nós conversámos e eu estou em paz com ele”.

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E acrescentou que nunca concordou com a decisão tomada: “Não concordei [com a calendarização] e, em momento algum, passei-lhe a ideia de que tinha concordado com a não alteração do jogo, porque sentia que a equipa precisava de mais dias para recuperar”.

A relação com Rui Costa também foi tema. O ex-treinador garantiu que nunca sentiu desconfiança da parte do presidente, mas admite que percebia o contexto: “Não senti. Por isso é que nós fizemos o mercado que nós fizemos. Nós construímos um plantel muito competitivo”.

Contudo, Lage sublinha que sabia que o seu lugar podia estar em risco devido à conjuntura: “Mas não sou ingénuo. Uma vez mais tive essa infelicidade de entrar no Benfica com um período de eleições à minha frente e não sou ingénuo. Percebi claramente que, eventualmente, num ou outro momento menos positivo, ou no momento em que há um treinador com enorme prestígio, como o míster José Mourinho, estivesse no mercado, que as coisas podiam acontecer”.

Uma das frases mais marcantes após a entrada de José Mourinho foi quando o técnico afirmou que a equipa “mordia pouco”. Sobre isso, Lage mostrou serenidade: “Não é encarar isso como um reparo. À medida que vamos tendo experiência, as nossas costas vão ficando cada vez mais largas. Neste momento, é isso que sinto. Tenho as costas largas, mas não senti isso como uma crítica.”

O treinador explicou que as diferenças entre técnicos são naturais: “Os treinadores são diferentes, as ideias de jogo dos treinadores são diferentes. A ideia de jogo do Roger Schmidt era diferente da minha. A ideia de jogo do mister Mourinho é diferente da minha.” E completou com uma visão prática: “É tudo uma questão de adaptação à ideia de jogo do treinador.”

Lage deu exemplos concretos: “Quando chegámos, vimos que Roger Schmidt tinha uma ideia de jogo diferente da minha. Havia jogadores que não estavam a jogar, e que, connosco, passaram a jogar mais vezes. Um exemplo disso é claro, é o Álvaro [Carreras]. Havia jogadores que jogavam em posições diferentes. Exemplos disso são o [Orkun] Kokçu e o Fredrik [Aursnes].”

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Bruno Lage abordou ainda o ambiente no Estádio da Luz, que considera ter sido afetado pelo clima pré-eleitoral e que se refletiu negativamente na equipa: “Agora sinto-me muito mais confortável de poder dizer isto — é também a altura do Inferno da Luz voltar a ser o Inferno da Luz para os nossos adversários. Havia seis candidaturas, havia gente com opiniões diferentes”.
O técnico sublinhou que alguns jogadores sentiram essa pressão, sobretudo os mais jovens, e apelou à união: “Acho que também é o momento dos nossos adeptos olharem e perceberem que durante 90 minutos a equipa tem de sentir a proteção e o apoio deles. A crítica vem a seguir ao jogo”.

Para ilustrar o problema, recordou um episódio revelador: “Após o excelente início de época que fizemos, aos 25 minutos do jogo com o Qarabag somos assobiados ao fim do primeiro ataque do nosso adversário à baliza. Não é normal”.

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Desde que deixou o comando técnico, Lage tem estado distante dos bancos, mas garante que não tem estado parado. O treinador continua a trabalhar com a sua equipa técnica e promete novidades: conteúdos audiovisuais estão a caminho, assegura, numa fase que parece ser de reflexão, mas não de afastamento definitivo do futebol.

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