A seleção nacional terminou a prova no segundo lugar, atrás da Itália, que revalidou o título continental, e à frente do Reino Unido, garantindo assim a primeira medalha portuguesa de sempre nesta disciplina, introduzida apenas em 2017.
Portugal viveu um momento histórico no atletismo ao conquistar a medalha de prata na estafeta mista dos Campeonatos da Europa de corta-mato, disputados este domingo em Lagoa.
A seleção nacional terminou a prova no segundo lugar, atrás da Itália, que revalidou o título continental, e à frente do Reino Unido, garantindo assim a primeira medalha portuguesa de sempre nesta disciplina, introduzida apenas em 2017.
A prova ficou marcada por uma recuperação memorável no último percurso, entregue a Isaac Nader. O algarvio, campeão do Mundo dos 1.500 metros, recebeu o testemunho na quinta posição, mas protagonizou uma exibição de enorme nível competitivo e emocional, levando Portugal até ao segundo lugar, para delírio do público que encheu o percurso algarvio. A equipa nacional concluiu a prova em 17.16 minutos, apenas quatro segundos atrás da Itália (17.12), enquanto o Reino Unido fechou o pódio com 17.17.
A prestação portuguesa foi construída de forma consistente ao longo de todo o percurso, com contributos decisivos dos quatro atletas. Para além de Isaac Nader, a estafeta contou com Salomé Afonso, vice-campeã europeia indoor dos 1.500 metros e medalha de bronze nos 3.000, Rodrigo Lima e Patrícia Silva, recente medalha de bronze nos 800 metros em pista curta, em Apeldoorn2025. Um quarteto que simboliza a renovação e a qualidade crescente do meio-fundo português.
A vitória coube à Itália, que conquistou assim o seu terceiro título europeu na estafeta mista, confirmando a sua regularidade nesta disciplina. Ainda assim, o destaque acabou por recair sobre Portugal, não apenas pelo resultado, mas pela forma como chegou ao pódio, com uma recuperação impressionante no momento decisivo da prova.
No final, Isaac Nader não escondeu a emoção e aproveitou para lançar uma mensagem forte sobre o futuro do atletismo nacional. “Todos demos tudo hoje para conseguir o segundo lugar. É muito importante para Portugal e para nós”, começou por afirmar o atleta do Benfica. O algarvio foi mais longe e apontou para uma mudança de paradigma no meio-fundo português. “Acho que estamos a caminho de uma grande geração de ouro do atletismo português no meio-fundo. É só a minha opinião, os ‘velhos do Restelo’ que me desculpem”, disse, sem rodeios.
Nader reconheceu o legado deixado por atletas de outras gerações, mas deixou claro que o presente e o futuro também merecem reconhecimento. “Tivemos grandes atletas no passado, grandes nomes, mas também têm de contar connosco. Estamos a mostrar que o meio-fundo e o fundo estão a voltar em grande força”, sublinhou. O campeão mundial alertou ainda para a necessidade de mudar mentalidades. “Os portugueses têm de começar a pensar em grande e não ter medo de falhar. O grande problema de quem pensa grande no nosso país é que é muito criticado”, lamentou.
Apesar da ambição, o atleta mostrou satisfação com o resultado coletivo. “No final, correm quatro, não corre um, e estamos muito contentes. Se pudéssemos chegar um bocadinho mais à frente, acredito que teríamos vencido, mas nunca vamos saber. O que importa é que somos segundos”, concluiu.
A medalha de prata conquistada em Lagoa representa mais do que um resultado isolado: é um sinal claro da vitalidade do atletismo português, da força da nova geração e da capacidade de competir ao mais alto nível europeu, especialmente quando se corre em casa.