Na conferência de imprensa de antevisão ao jogo com o Alverca, Rui Borges, treinador do Sporting, começou por afirmar que espera uma partida de características distintas daquela que valeu o apuramento para a Final Four da Taça da Liga:
“É um jogo diferente, com mudanças de parte a parte. Dentro das caraterísticas individuais, têm uma dinâmica diferente, que acabaram por não ter neste jogo e terão no próximo, com uma referência na frente, médios diferentes, lateral direito diferente, guarda-redes diferente... Não estou a dizer que são melhores ou piores, mas dão coisas diferentes, por isso, será uma história diferente. No campeonato, talvez a motivação e o foco sejam diferentes, por isso, será um jogo diferente. Eles vão estar dentro do que nós temos e somos, com outros jogadores, com certeza. Acredito que será um jogo de dificuldade maior, não tenho dúvidas disso. Agora, acredito que a equipa que jogar amanhã entrará com a mesma energia do que a que jogou na terça-feira. Estou super confiante na resposta que a equipa dará, amanhã.”
Veja também: Penálti bem assinalado no Benfica-Tondela? A análise à arbitragem (VÍDEO)
Sobre o regresso ao onze-base, o técnico recusou a ideia de titulares fixos e garantiu tranquilidade quanto à rotação da equipa:
“O onze base... Todos eles já foram titulares, por isso, não sei o que isso será. Claro que este foi um jogo impróprio, com nem 48 horas de descanso. Tivemos de gerir de outra forma, mas, dentro do que é perspetivável da nossa parte, temos de ver que jogador dará mais resposta para entrar de início. Independentemente disso, a malta que tem entrado tem dado uma resposta fantástica, tem sido importante na continuidade da energia e da qualidade do caudal ofensivo. Dentro das escolhas, estou super tranquilo com quem jogar. É claro que vão haver muitas mudanças, não vou ser hipócrita ao ponto de dizer que não. É impossível um ou outro jogador mais desgastado entrar numa fase inicial do jogo, mas acredito que acabará por ser também importante. Estou confiante com qualquer jogador que entre.”
Questionado sobre a escolha entre Luis Suárez e Ioannidis para o ataque, Rui Borges explicou:
“Tem sido mais o (Luis) Suárez, mas o Fotis (Ioannidis) também chegou mais tarde, no início das competições. Tem a sua adaptação à equipa e aos colegas, tem crescido imenso, caiu muito bem no grupo... O Luis tem dado resposta, o Fotis também, nos jogos dele, e é importante. Está super ligado e super feliz, no Sporting, e eu sinto isso, diariamente. É alguém que estava num habitat muito próprio, na sua casa. De repente, muda tudo, mas veio super motivado. Uma coisa é chegar e não ser logo solução inicial... Poderia cair algo da parte dele, mas não, vejo-o super feliz, sabe que está no seu crescimento, que terá as suas oportunidades, e o Luis sabe que tem alguém à perna, por muito que tenha sido o jogador com mais oportunidades para jogar de início. Os dois têm dado resposta. São jogadores diferentes. O Fotis dá mais profundidade, sente-se mais confiante no ataque à profundidade, de rodar sobre a referência, e o Luis dá-nos algum apoio e profundidade, tem melhorado nesse aspeto. São jogadores diferenciados, mas são grandes jogadores. Felizmente, temos os dois do nosso lado.”
Veja também: Danilo Pereira pegou-se com Jesus e Conceição meteu-se ao barulho (Vídeo)
O treinador também abordou o regresso de Salvador Blopa à equipa B, com uma nota de ironia e realismo:
“O regresso foi para a equipa B, é o maior chamar à terra que poderia existir, é onde eles pertencem. É claro que estou a ser um bocadinho irónico, mas foi para a equipa B, ponto final. São jogadores que têm crescido imenso, ele tem um potencial enorme e terá um futuro risonho. Está no crescimento dele, tem conseguido percebê-lo e crescer no patamar de equipa B. Se calhar, não estava à espera de ser tão solução na equipa B, e, de repente, é titular e joga na equipa principal. Aconteceu tudo muito depressa, mas olho para o dia a dia dele e parece-me um miúdo muito equilibrado e focado. Estou tranquilo. Agora, é continuar a dar resposta no seu principal escalão, para ter mais oportunidades na equipa B. Agarrou a oportunidade, correspondeu à expetativa. Acredito que não pensava que ia jogar, mesmo que tivesse o sonho de entrar, mas correspondeu. Disse-lhe o mesmo que disse ao João Simões, na Liga dos Campeões: ‘Estás cagado?’ E ele disse ‘Não, estou bem, mister’. Por isso, é a maneira de os deixar mais tranquilos. O miúdo estava super tranquilo, correspondeu muito bem, tal como os outros. Agora, têm de sentir que a responsabilidade. Têm de chegar ali e continuar a dar resposta, que é para quem está lá, a sonhar com a oportunidade que eles tiveram, serem um exemplo. Disse ao miúdo que fez um bom jogo, mas, por experiência própria, temos de os chamar à Terra, tal como faço com o meu filho, quando me diz ‘Pai, fiz isto e aquilo’, e eu digo ‘Não fizeste nada’, para sentir que o chegar ao topo custa muito. Têm trabalhado muito e mereceram a oportunidade.”
Sobre um sentar à mesa com Frederico Varandas para falar sobre o mercado de janeiro, o técnico respondeu com humor:
“Sentei-me à mesa para comer, como bom transmontano. Como bom transmontano, gosto de comer. É algo que não me passa pela cabeça (mercado de janeiro). A melhor resposta para essa pergunta é o jogo de terça-feira. Os miúdos estão aí para ajudar e dar resposta, e não é por acaso que o Sporting, se não for o melhor, é dos três melhores clubes do mundo na sua formação. Temos, cada vez mais, de ter essa capacidade de continuar, porque só assim é que os clubes em Portugal vão conseguir crescer, tirando a parte das SAD. Temos de tentar sustentar-nos com alguma formação, e, na terça-feira, eles deram essa resposta. Estão ali para ajudar e dar resposta, mais do que pensar no mercado de janeiro. Sendo sincero, nem sequer pensei nisso.”
Veja também: A reação do treinador do Tondela ao lance do penálti do Benfica
Rui Borges destacou ainda a importância do equilíbrio entre juventude e experiência na equipa:
“O contexto foi favorável, é importante os miúdos, quando jogam, estarem sustentados por jogadores maduros, que já estão cá há algum tempo e dão essa resposta, para que eles consigam dar uma resposta igual. Apesar de tudo, temos uma equipa com Morita ou Kochorashvili, que são jogadores internacionais. Mesmo o Quenda, é um miúdo, mas é um miúdo maduro, com quase 60 jogos na época passada com a equipa principal. (...) Os miúdos estavam numa bolha, rodeados com jogadores de maturidade e estatuto nacional e internacional. Foi importante. (...) Felizmente, eles corresponderam, se não, estavam todos a dizer que o treinador era maluco, porque tinha metido os miúdos. Mas ganhámos e temos de continuar assim.”
O treinador também abordou a gestão de emoções no balneário:
“Azia vai haver sempre. Desde que não seja de uma forma negativa, faz parte. Quem não sente, não é filho de boa gente. Agora, têm de transportar essa azia, essa raiva de não jogar de início, para que, quando jogam, coloquem o treinador a pensar de forma diferente, porque, se levarem essa azia para a parte negativa, não vão corresponder, e, a seguir, já nem entram, porque não corresponderam ao que era pedido.”
