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Internacional
25/03/25

Sá Pinto e a aventura no Vasco da Gama: "Um dia o cão aparece sem uma pata"

Ricardo Sá Pinto abriu o livro sobre a sua curta, mas marcante passagem pelo Vasco da Gama. Saiba mais.

Em entrevista recente ao canal Expresso 1923, Ricardo Sá Pinto abriu o livro sobre a sua curta, mas marcante passagem pelo Vasco da Gama, em 2020, onde treinou durante a fase mais crítica da pandemia de Covid-19.

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O técnico português abordou, sem rodeios, as dificuldades extremas que enfrentou no clube carioca — desde problemas financeiros graves até episódios insólitos no centro de treinos.

«Milagres eu não faço», começou por afirmar o antigo internacional português, sublinhando que não teve condições mínimas para trabalhar.

«Não tinha dinheiro para pintar o campo do centro de treinos. Nem para tomar um pequeno-almoço. Havia rapazes sem dinheiro para comer. Não recebi nenhum salário em quatro ou cinco meses. Alguém me viu a reclamar de alguma coisa?», questionou.

Sá Pinto aproveitou ainda para traçar o perfil de alguns jogadores com quem trabalhou, destacando o argentino Germán Cano como o mais talentoso do plantel, e lamentou a irregularidade de outros elementos.

«Tínhamos o Talles Magno, que ora corria, ora não corria. O Benítez, realmente tinha alguma qualidade, mas era um vagabundo, no sentido português da palavra — gostava de estar em todo o lado, de ter a bola, mas faltava-lhe o último terço», explicou.

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As dificuldades extravasavam o relvado. O treinador revelou episódios quase surreais vividos no centro de treinos, incluindo a presença de animais selvagens.

«O campo não era tapado como é hoje. Tínhamos um cãozinho que estava lá todas as manhãs. No dia seguinte aparece sem uma pata. O que aconteceu? Uma bola caiu lá atrás, foi atrás da bola e o jacaré roubou-lhe a pata», contou, entre o choque e a incredulidade.

Apesar de tudo, Sá Pinto garante que tentou sempre manter a postura e dar o melhor num contexto adverso.

«Vanderlei Luxemburgo, com toda a sua experiência, também não conseguiu fazer melhor. Ele teve reforços, jogava de oito em oito dias, e sem os constrangimentos da pandemia. Eu jogava de três em três, sem condições, sem recursos», concluiu.

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A experiência no Brasil marcou negativamente a carreira do treinador luso, que continua sem papas na língua quando recorda a realidade que encontrou num dos históricos do futebol brasileiro.

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André Miguel Rodrigues