Na qualidade de assistente deste processo, o empresário prestou depoimento no Juízo Central Criminal de Lisboa, destacando a dificuldade dos primeiros tempos, em que os colaboradores do Benfica suspeitavam "uns dos outros" e que passou a trabalhar no Seixal.
"Até pensavam que éramos nós a devassar esses dados, não éramos nós. Os primeiros tempos foram difíceis, sobretudo para dizer às pessoas que não fomos nós. Foi terrível, eu não conseguia estar lá mais tempo. Chegou a um ponto que era impossível, porque só se falava disso. Tive de me ausentar para o Seixal, em que praticamente só se falava de futebol. Suspeitávamos uns dos outros e ninguém podia estar satisfeito. As pessoas começaram a ter pavor e com receio de poder aparecer coisas suas cá fora", salientou.
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Luís Filipe Vieira não tem dúvidas de que a divulgação de emails confidenciais do clube foi o caso que mais danos causou no universo Benfica durante a sua presidência, uma vez que foram tornados públicos contratos com atletas e os principais patrocinadores.
"Era inexplicável e toda a gente ficou bastante perturbada. Ficámos desacreditados no mercado. Tenho a certeza de que um negócio relacionado com a expansão do Benfica na China foi frustrado em função da divulgação de informações", expressou também.
Esse negócio, "à volta de 50 milhões de dólares", estava relacionado com uma parceria no desenvolvimento de escolas de formação do clube na China, e "implicava tudo o que estivesse relacionado com a marca Benfica", com Luís Filipe Vieira a apontar ainda que o contrato divulgado com a Emirates "causou muita perturbação" com o patrocinador.
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"O Benfica cresceu muito ao longo dos anos e estava a ganhar muito no futebol. Não tenho dúvidas nenhumas de que foi para desacreditar o Benfica e travar o clube. Em termos empresariais, fomos bastante prejudicados. Em termos desportivos, basta ver o condicionamento que fizeram aos árbitros. Insinuou-se muito e há emails que foram completamente distorcidos", ressalvou o presidente dos lisboetas, entre 2003 e 2021.
O antigo vice-presidente do Benfica José Eduardo Moniz prestou também depoimento na sessão desta segunda-feira, na qual disse que a informação divulgada denegriu a marca, o clube e os seus dirigentes, tendo estado a acompanhar a relação com os patrocinadores dos 'encarnados', com os quais havia receio de causar um efeito negativo sobre as receitas.
"O acesso ilegal à informação era objeto de tratamento que denegria a marca Benfica, a instituição e seus dirigentes. Entrava-se num esquema de especulação que pretendia criar no público a noção de que o Benfica era semelhante a um 'polvo' que controlava e conseguia ganhar jogos e competições à conta da manipulação das mesmas", frisou.
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