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18/09/25 às 16:31

Mourinho já fala à Benfica: As farpas ao Fenerbahçe, o contrato e a visita ao FC Porto

José Mourinho foi esta quinta-feira apresentado oficialmente como treinador do Benfica, 25 anos depois da sua primeira passagem pela Luz. 

José Mourinho foi esta quinta-feira apresentado oficialmente como treinador do Benfica, 25 anos depois da sua primeira passagem pela Luz. 

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O técnico português, de 62 anos, falou longamente com os jornalistas, mostrando emoção pelo regresso, mas garantindo que está focado apenas na missão de devolver títulos ao clube encarnado.

Tenho tantas emoções, mas a experiência ajuda a controlar-nos. Quero agradecer a confiança, a honra que sinto neste momento. Obviamente que sendo português, não há um único que não conheça a história, cultura, a dimensão da nação benfiquista e deste clube, mas quero deixar uma coisa absolutamente clara: tenho de ser capaz de bloquear todas estas emoções e olhar para o Benfica e este trabalho, a minha responsabilidade, de um modo muito simplista. Eu sou o treinador de um dos maiores clubes do mundo e quero-me fechar nesta missão, centrar, não diria na dificuldade, mas no prazer do ponto de vista do trabalho de um treinador, de me focar em algo apaixonante. São 25 anos, mas não venho para celebrar carreira. São 25 anos em que tive a oportunidade de trabalhar nos melhores clubes do mundo. Nenhum dos outros gigantes clubes que tive oportunidade de treinar me fez sentir mais honrado, responsabilizado do que ser treinador do Benfica. Palavras, o vento às vezes leva, as atitudes não. A promessa é clara: vou viver para o Benfica, para a minha missão. Saí de casa e disse ‘até domingo’. É uma honra tremenda, a minha experiência ajuda a treinar as emoções e agradecia que isto fosse curto porque temos jogo daqui a 48 horas e não há nada mais importante para a nação benfiquista”.

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O treinador, que assinou contrato até 2027, não escondeu que o regresso tem também uma forte carga simbólica: “Na cabeça de algumas pessoas tenho dois currículos: Um que durou um certo período de tempo e outro que na cabeça de muita gente é uma fase menos feliz da minha carreira. A minha infelicidade é que nos últimos cinco anos joguei duas finais europeias. É a parte negativa da minha carreira… Eu não sou importante, venho para o Benfica numa fase da minha carreira em que sou mais altruísta, menos egocêntrico, penso menos em mim, eu não sou importante, o Benfica é importante, os adeptos são importantes. É o coração de qualquer clube e o Benfica de uma maneira ainda mais especial. Estou aqui para servir, o ADN do Benfica é ganhar, mas também penso que é perder nos limites e revejo-me muito na cultura, no perfil, no que é verdadeiramente o povo que ama o futebol. Querem ganhar, mas sentir parte do esforço, da mentalidade, do sacrifício. Nós que somos privilegiados, treinadores e jogadores, durante 90 minutos representamos toda aquela gente e é com esse sentimento que sempre entrei em campo”.

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Sobre o regresso ao clube duas décadas e meia depois, Mourinho foi claro: “Eu tento bloquear. Como disse antes, são duas fases completamente diferentes, não só da minha carreira, mas da minha vida como homem. É o início e hoje estou num momento que diria de grande maturidade em que objetivamente digo: se alguém espera que acabe a carreira daqui a quatro ou cinco anos está muito enganado. Vou ser eu que decido quando acabar e é quando não tiver a mesma paixão que tenho hoje. (…) O que mudou hoje é que eu tenho mais fome do que há 25 anos, numa fase completamente diferente do ponto de vista humano. Hoje penso muito mais nos outros, em quem ama o clube, nos jogadores, em que venho muito depois. Eu sou o último da fila. É um momento diferente até ao nível de maturidade. Sinto responsabilidade, mas sinto-me mais vivo do que nunca. É pena que o jogo seja já daqui a dois dias, não tenho tempo para trabalhar muito, mas é bom porque estou desejoso que isso aconteça. Tenho paixão por isto e quero muito”.

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Sobre o contrato assinado, destacou a importância do respeito pelo processo eleitoral: “É um contrato com uma grande ética. Só assinei, não fui eu que elaborei, foi pela Direção do Benfica e os meus representantes. Só assino com o qual concordo, mas tem um conceito ético tremendo. Tem um respeito enorme pelas eleições, pelos consócios que vão concorrer à presidência. É de louvar, sensibilizou-me. No dia seguinte às eleições serei o treinador do Benfica, mas a presença neste lado ético do contrato, que dá uma facilidade que em condições normais não existiria, deixa-me satisfeito. Quero trabalhar no Benfica, mas quero que as pessoas confiem em mim, é fundamental. O meu desejo é cumprir os dois anos de contrato, com êxito, que permita que o clube queira renovar comigo, que o meu objetivo é ser bem-sucedido e isso é ganhar competições”.

No que toca ao contexto de eleições em torno do clube, Mourinho garante não se deixa afetar, recordando o Fenerbahçe.

"O contexto ideal para mim é voltar a treinar um dos maiores clubes do mundo. A minha carreira foi rica até agora, treinei os maiores clubes do mundo em diferentes países. Tive uma opção errada, sem arrependimentos. Fiz mal em ir para o Fenerbahçe, não era o meu nível cultural, enquanto futebol. Dei tudo até ao último dia, tive de fazer o meu luto, mas regressar ao Benfica é regressar ao meu nível e o meu nível é treinar os melhores clubes do mundo".

Sobre o sistema tático, Mourinho explicou: "No anterior clube é muito fácil. Eu queria jogar a quatro, o clube contratou cinco jogadores depois de eu sair. Era impossível jogar a quatro quando existiam sete centrais e só um ala. Quando tenho a oportunidade de participar no mercado e os clubes têm estrutura profissionalizadas para o treinador se apoiar. Quando não é o caso, o treinador tem de se atualizar. Tentei jogar comas palavras, as emoções, tirar pressão e meter no Benfica? Sim. Mas não retiro nenhuma palavra. O Benfica fez um ótimo trabalho no mercado, dotou a equipa de potencial que não tinha na época passada e era uma equipa que gostei muito. Não sou um exemplo de fair-play, quando perco mordo os dedos. Não foi com facilidade que me saiu os parabéns ao Benfica e ao Bruno Lage, mas mereceu tudo isso. O Benfica tem bom plantel, bons jogadores e tinha um bom treinador. Mas a vida é assim. É um luto que precisamos de fazer, nós treinadores, quando o trabalho é interrompido e seguramente o Bruno sofre, como eu sofri há um mês e desejo as maiores felicidades"

Questionado sobre promessas de títulos, respondeu: “O que prometi no FC Porto há 20 e tal anos atrás… As promessas valem o que valem. Prometi e cumpri, podia não ter cumprido. Eu neste momento não prometo. Penso que o Benfica tem todas as condições para ganhar o campeonato. Tem dois pontos perdidos, seguramente iremos perder mais ao longo do campeonato, espero que não muitos, mas há potencial para ser campeão. Eu não me escondo, não prometo, mas tenho convicção de que podemos e devemos”.

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Quanto ao estilo de jogo que pretende, Mourinho foi direto: “Com bola temos de atacar com 11 e ter alguns equilíbrios, sem bola temos de morder muito, porque o Benfica mordeu pouco”.

Sobre o inevitável regresso ao Estádio do Dragão, deixou uma nota de respeito: “Vai ser uma receção diferente. É normal a que tiveram para comigo, sou um treinador histórico no FC Porto, as pessoas reconhecem, há 20 anos que não ia lá. É normal. Obviamente que regressar como treinador do grande rival, sabendo eles que o meu objetivo é ganhar o jogo, a receção é diferente, mas o respeito que tenho para com eles e eles comigo não vai mudar”.

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André Miguel Rodrigues