Martín Anselmi está com um pé fora do Dragão. A eliminação precoce do FC Porto no Mundial de Clubes foi o golpe final numa época frustrante, e André Villas-Boas já terá informado o treinador argentino da intenção de rescindir contrato. No entanto, o processo promete ser tudo menos simples — e financeiramente confortável.
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A reunião entre ambos decorreu na quarta-feira, num encontro previamente agendado para fazer o balanço da época. Contudo, a conversa tomou outro rumo: Villas-Boas quer dar por terminada a ligação a Anselmi, por entender que o técnico de 39 anos não tem condições para continuar a liderar a equipa principal. Apesar disso, não houve acordo imediato, e o presidente portista decidiu dar mais uns dias para ponderar os custos e as implicações da decisão.
Sete milhões de razões para pensar duas vezes
O grande obstáculo à saída imediata prende-se com os números. O FC Porto já investiu 3,1 milhões de euros para libertar Anselmi do Cruz Azul, e, se quiser avançar agora com o despedimento, terá de pagar mais quatro milhões brutos, correspondentes aos dois anos de contrato que ainda restam ao treinador e à sua equipa técnica. No total, a saída de Anselmi pode custar 7,1 milhões de euros — um montante que não deixa de inquietar a nova direção da SAD portista.
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Se não houver acordo amigável para baixar os valores da indemnização, o cenário de despedimento torna-se especialmente penoso para os cofres azuis e brancos, numa fase em que a gestão financeira é um dos temas mais sensíveis do clube.
Anselmi defende-se: “Faltou apoio e faltaram reforços”
Informado das intenções de Villas-Boas, Anselmi aproveitou o encontro para apresentar a sua versão dos acontecimentos. Lembrou que assumiu o comando da equipa já em clima de instabilidade, com saídas de jogadores importantes como Nico González e Galeno poucos dias após a estreia frente ao Maccabi Telavive, e sem ver chegar os reforços que considerava essenciais para corrigir desequilíbrios no plantel.
Apesar do discurso sereno e do esforço para justificar os maus resultados, a realidade é que Anselmi parte para férias sem garantias quanto ao seu regresso. Villas-Boas quer romper com o passado recente, mas sabe que o fará com um custo elevado — e, até ver, sem alternativa clara à vista.
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Um percurso curto, mas tumultuoso
O técnico argentino foi anunciado há precisamente cinco meses como sucessor de Vítor Bruno. Desde então, somou apenas 10 vitórias em 21 jogos oficiais, acumulando cinco derrotas e vários empates, num desempenho que nunca convenceu os adeptos nem acalmou a contestação. A prestação no Mundial de Clubes — sem uma única vitória em três jogos — reforçou o sentimento de frustração.
O tempo de Anselmi no FC Porto parece contar os últimos dias, mas a decisão está agora nas mãos de Villas-Boas. Entre os princípios desportivos e os custos financeiros, o presidente terá de decidir se o futuro do Dragão passa ou não pela continuidade de um treinador que nunca conseguiu conquistar o balneário… nem os adeptos.
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