Depois de um arranque de época difícil, Rúben Amorim parece ter estabilizado o Manchester United, conduzindo a equipa a três triunfos seguidos — diante de Sunderland (2-0), Liverpool (1-2) e Brighton (4-2) —, algo que o clube não conseguia desde janeiro.
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Ainda assim, Rio Ferdinand defende que o técnico português não alterou profundamente o modelo de jogo, mas sim que ajustou a estratégia à realidade do plantel.
“Eu admiro isto, a certo ponto, mas, tal como já disse, penso que ele está a jogar à roleta russa com o trabalho que tem em mãos. Não me parece que ele tenha mudado drasticamente. Apenas se ajustou”, afirmou o ex-jogador, em declarações no seu canal de YouTube, Rio Ferdinand Presents.
O antigo internacional inglês acrescentou que era precisamente isso que os adeptos pediam ao treinador: “Era isso que grande parte dos adeptos andavam a pedir-lhe. Ajusta, simplesmente, aquilo que tens. Talvez não tenhas tanta iniciativa, talvez possas ser um pouco mais conservador, por vezes, quando não tens bola. Não podes pressionar, pressionar e pressionar durante 90 minutos, a não ser que tenhas uma equipa que seja uma completa besta.”
Ferdinand considerou que Amorim soube ler bem o contexto competitivo e adaptar-se às limitações do plantel: “O PSG faz isso. Este treinador não poderia fazê-lo, com aquele plantel. Por vezes, é, simplesmente, assim que as coisas são. Podemos olhar para trás, daqui a seis meses, e dizer que o Manchester United terminou nos lugares de Liga dos Campeões ou algo assim, e, provavelmente, ele estará, ali, sentado, confiante e a dizer ‘Bem, se eu tivesse mudado, provavelmente, teria ficado sem emprego, porque estaria a fazer coisas que me são estranhas’.”
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Além de analisar a evolução de Amorim, o antigo defesa abordou também o papel de Casemiro, que tem sido peça fundamental na recuperação dos red devils. Ferdinand recordou o percurso do médio brasileiro e destacou a forma como voltou a ser o “pilar” do meio-campo: “Ele construiu uma carreira fantástica, uma carreira marcada por cinco conquistas da Liga dos Campeões, tendo-se tornado na cola, na pessoa que unia a linha defensiva e o meio-campo, e, simplesmente, tapava os buracos.”
O ex-jogador, que representou o United entre 2002 e 2014, elogiou o regresso de Casemiro à melhor versão: “Na altura, não lhe pediam para correr para todo o lado ou para ser um criador. Era ele quem andava a fazer a limpeza, todo o trabalho sujo e a proteger uma certa zona do terreno. E, recentemente, é isso que temos visto. Temos visto algo parecido ao velho Casemiro.”
Por fim, Ferdinand saiu em defesa do médio após críticas de Jamie Carragher: “Faz-me recordar o que já foi dito por Jamie Carragher, sobre ele ‘deixar o jogo’. Na altura, eu disse que achava isso altamente desrespeitoso, quando estamos a falar de alguém que conquistou a Liga dos Campeões por cinco vezes e que está, talvez, a passar por uma mudança de abordagem ao futebol, em que pareceu fora de si.”
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Com o Manchester United novamente a vencer e a subir na tabela, Rio Ferdinand considera que Amorim começa a colher os frutos da sua prudência tática, mas deixa o aviso: o português continua a caminhar numa linha tênue entre a estabilidade e o risco.
