Trata-se do quinto título mundial das nórdicas, num percurso que volta a confirmar uma hegemonia construída com talento, profundidade de plantel e uma cultura competitiva ímpar.
A Noruega voltou a escrever o seu nome em letras douradas na história do andebol feminino ao sagrar-se campeã do Mundo, este sábado, depois de vencer a Alemanha por 23-20, na final disputada em Roterdão, nos Países Baixos.
Trata-se do quinto título mundial das nórdicas, num percurso que volta a confirmar uma hegemonia construída com talento, profundidade de plantel e uma cultura competitiva ímpar.
A final ficou também marcada por um momento de enorme simbolismo: a despedida de Katrine Lunde, guarda-redes lendária de 45 anos, que encerrou a carreira internacional da melhor forma possível. A internacional norueguesa conquistou o terceiro título mundial da carreira e foi eleita para o sete ideal da competição, coroando um percurso absolutamente excecional no andebol feminino.
Do outro lado esteve uma Alemanha que regressou a uma final de Campeonato do Mundo 32 anos depois, algo que não acontecia desde o título conquistado em 1993. As germânicas chegaram a Roterdão com ambição reforçada, depois de afastarem a França, campeã em título, nas meias-finais, mas acabaram por não resistir à maior consistência e experiência das norueguesas. A última presença da Alemanha no pódio remontava a 2007, quando terminou no terceiro lugar.
O equilíbrio marcou grande parte da primeira parte. A Noruega entrou melhor, mas a Alemanha chegou a liderar durante vários minutos, embora nunca com mais de dois golos de vantagem. O 11-11 ao intervalo refletia fielmente um duelo intenso, tático e muito disputado. Após o descanso, as campeãs olímpicas aceleraram o ritmo e construíram uma vantagem de três golos (15-12), mas desperdiçaram várias ocasiões para ampliar a diferença, permitindo que a Alemanha voltasse a empatar a 17-17.
No momento decisivo, porém, a Noruega mostrou porque continua a ser a referência maior da modalidade. Com maior frieza, melhor gestão do jogo e liderança das suas principais figuras, voltou a assumir o controlo. Henny Reistad, eleita melhor jogadora do mundo pela federação internacional nas duas últimas épocas, foi determinante, terminando a final com cinco golos, tal como Deila Thale, numa exibição de grande solidez coletiva.
Curiosamente, esta foi a partida mais exigente da campanha norueguesa. As nórdicas venceram os oito jogos do Mundial, sempre por uma margem mínima de nove golos, sendo que sete desses triunfos foram por diferenças de dois dígitos. Destaque para goleadas expressivas frente ao Brasil, derrotado por 19 golos, e à República Checa, batida por uns impressionantes 23.
O historial recente da Noruega ajuda a contextualizar a dimensão deste sucesso. Nos últimos 27 anos, o país conquistou 28 medalhas internacionais, incluindo três ouros olímpicos (Pequim 2008, Londres 2012 e Paris 2024), cinco títulos mundiais e um recorde absoluto de 10 campeonatos europeus, números que sustentam uma das maiores dinastias do desporto coletivo feminino.
A medalha de bronze ficou para a França, que venceu os Países Baixos por 33-31, fechando o pódio de uma competição que teve ainda um dado relevante do ponto de vista da representatividade feminina. Este Campeonato do Mundo contou com apenas cinco selecionadoras, entre as quais esteve a portuguesa Ana Seabra, responsável técnica pela seleção do Irão, sublinhando a presença nacional num palco de elite.
A Noruega volta, assim, a confirmar que continua a ser o padrão máximo do andebol feminino mundial — dentro e fora do campo.