"O triplo é um evento muito técnico, estava a cometer alguns erros leves, segundo o meu pai [e treinador Jorge Pichardo]. Não estava a saltar mais longe, mas, com o ensaio do italiano, fiquei 'cego'. E consegui", admitiu.
A forma como 'saltou' da caixa de areia para celebrar mostrou que essa 'cegueira' continuou nos festejos, com um exultante Pichardo a perguntar, no meio da sua 'cegueira', para a bancada: "quem é o melhor?", por várias vezes.
O 'astro' português sabia "que estava bem", mas não contaria que conseguisse saltar tão longe, agradecendo ao pai e treinador, Jorge Pichardo, por "fazer magia", sobretudo no último mês e meio.
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O pai esteve hospitalizado mais de uma semana, "a lutar pela vida", e o atleta lesionou-se nas costas, com uma fratura e um edema, agradecendo aqui não só ao treinador e mentor como às equipas médicas de Comité Olímpico de Portugal (COP) e Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), em particular ao médico José Gomes Ferreira e ao fisioterapeuta Ricardo Paulino.
Não sabia, disse, que era o primeiro português duas vezes campeão do mundo no atletismo, mas ficou "muito contente". No entanto, o discurso mostrou-se rapidamente reverencial quando ficou a saber que tinha igualado os dois ouros do britânico Jonathan Edwards, ainda hoje o recordista mundial, com 18,29 metros, uma obsessão antiga de Pichardo.
"Uau, uau, uau. É para mim uma honra igualar o Jonathan Edwards. Eu só quero ganhar. Penso nos recordes, mas não de medalhas. Só quero ganhar. Não sabia que o Edwards também tinha duas medalhas. É uma grande honra", atirou.
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Se conseguir aquele último salto "é preparação", mental e física, também é o facto de continuar "tranquilo", depois de ter levado um 'puxão de orelhas', segundo disse, de pai e mãe por, em 2024, ter ameaçado retirar-se devido ao estado da modalidade em Portugal.
"Eles consegiuram com que fizesse mais este ano. Por enquanto, estou cá. Os meus pais e a minha esposa são quem decide a minha carreira desportiva. O que disserem, eu faço", disse, afirmando esperar continuar a competir, mas sem garantir, porque "depende do corpo".
Pedro Pichardo, campeão olímpico neste mesmo estádio, em Tóquio2020, conquistou pela segunda vez o título mundial, depois de Oregon2022, numa carreira em que trazia já duas pratas em Campeonatos do Mundo por Cuba, além de um segundo lugar nos Mundiais de pista curta de 2022.
O campeão europeu de 2022, e 'vice' olímpico em Paris2024, somou a 25.ª medalha de Portugal nestes campeonatos, a segunda em Tóquio2025, depois do ouro de Isaac Nader nos 1.500 metros, e é o único luso a conseguir dois ouros.
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Igualou os dois títulos do recordista mundial (18,29 metros), Jonathan Edwards, perseguindo o totalista, o também norte-americano Christian Taylor, que conquistou quatro.
O triunfo de hoje foi selado apenas no sexto e último salto -- abdicou do quinto -, no qual conseguiu a melhor marca mundial do ano, numa decisão sem o espanhol e rival Jordan Díaz, atual campeão olímpico e europeu, que se lesionou na qualificação.
Nessa primeira fase, na quinta-feira, Pichardo avançou com o terceiro melhor salto, atrás do argelino Yasser Mohammed Triki (17,26) e do jamaicano Jordan Scott (17,19).
Aos 32 anos, justificou o estatuto, quando foi necessário, para responder e conquistar outra medalha de ouro para Portugal em Tóquio2025, novamente, na ponta final, tal como Isaac Nader, nos 1.500 metros.
Fonte: LUSA