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Nacional
26/01/25

Nada por dizer: A reação de Bruno Lage ao polémico áudio

Bruno Lage esteve em conferência de imprensa para explicar o polémico áudio que protagonizou após o Casa Pia-Benfica.

Bruno Lage esteve em conferência de imprensa para explicar o polémico áudio que protagonizou após o Casa Pia-Benfica.

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O técnico encarnado revela que foi o próprio que teve a iniciativa de falar com os adeptos que se encontravam junto da Luz e que julgava que a conversa que teve ficaria na esfera privada.

"Fomos nós que organizámos esta conferência devido à conversa que pensei ser privada com os adeptos que estavam à espera da equipa na chegada a Lisboa. Fui falar com os adeptos da mesma forma que o faço quando ganhamos troféus e mostramos a taça aos adeptos. Num momento menos positivo, fui o primeiro a reconhecê-lo. Tanto na conferência de imprensa, porque senti a desilusão dos adeptos e percebi que demos um passo em falso, como à entrada do autocarro, onde disse que entendia essa desilusão. Tive uma longa conversa de 30 minutos com os adeptos que estavam à espera e pensei que seria uma conversa privada. Estou aqui para esclarecer tudo sobre essa conversa. Temos um jogo muito importante para preparar. Quero que tudo fique esclarecido para que todos, incluindo eu, a minha equipa, os jogadores e os adeptos, comecem a focar-se na Juventus", afirmou.

Lage pronunciou-se sobre o conteúdo do áudio, em que parece colocar em causa a gestão da direção e criticar os jogadores. O técnico refere que o momento do áudio em que comenta os erros defensivos, foi algo que já havia dito na cara dos jogadores.

"Que fique claro: a responsabilidade pelo resultado de ontem e pelo insucesso é minha, do treinador. Agora, a minha exigência para com os jogadores tem de ser máxima. Vou socorrer-me dos meus apontamentos. O que foi divulgado é uma frase solta de um áudio de um minuto e meio, tirada de uma conversa de 30 minutos. Sobre a situação de não saltar à bola, vinha no contexto do que já tinha referido na conferência de imprensa: uma equipa que chega em primeiro lugar não pode sofrer os golos que temos vindo a sofrer — alguns de penálti, outros de bola parada em que não saltámos. Nunca foi referido que os jogadores não correm ou não lutam.

Antes de se tornar público, tudo foi apontado aos jogadores de forma interna. É sempre uma análise crítica que fazemos, individual e coletiva, sobre os erros que vamos cometendo. Cabe sempre a mim criar condições para a equipa evoluir. Tenho dito aqui que algumas situações já controlamos bem, mas outras ainda não. Precisamos continuar a evoluir e a trabalhar. É algo que tem sido bastante visível nos últimos jogos", disse.

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Lage procurou ainda desmentir a questão relativa ao facto de as suas decisões serem baseadas no preço que os jogadores custaram.

"Sobre a questão dos '20 milhões' e dos '5 milhões', veio num contexto em que explicava aos adeptos, que, pela emoção, sugeriram tirar certos jogadores do plantel e colocar jovens. Foi uma tentativa de explicar que os ativos dos clubes não funcionam assim. Não se pode tirar um jogador de 20 milhões e depois colocá-lo no mercado valendo 5 milhões. Isso afeta a forma como o clube consegue vender e contratar novos jogadores.

Quero reforçar que, como treinador português, que conhece esta casa como ninguém, sinto que estamos alinhados, eu e as três pessoas à minha frente, e que temos todas as condições para fazer os ajustes necessários. Continuo a acreditar muito neste plantel, que tem enorme qualidade. Como todos os plantéis, sentimos que há espaço para evoluir e crescer. Temos ainda 15 dias para trabalhar nesse sentido e fazer esta equipa evoluir", considerou.

Outra crítica no áudio que motivou as questões dos jornalistas foi a crítica sobre a equipa não dar três toques seguidos na bola.

"Uma vez mais, é preciso fazer o contexto. Quem faz os jogos que fizemos, pelo menos os últimos quatro, depois de fazer o mais difícil – Braga, Sporting, Famalicão, Barcelona, Farense – e depois fazer os primeiros 30 minutos com o Casa Pia, com golos e boas jogadas, e depois perder o controlo do jogo, passando parte dele a permitir transições ao adversário... são todas situações que, numa conversa longa, é preciso criar contexto para isso. Mal seria se o treinador viesse criticar publicamente depois desses jogos, onde a equipa não conseguiu fazer três toques seguidos".

 

O treinador das águias comentou o clima de instabilidade em torno da equipa que ainda há 15 dias havia conquistado a Taça da Liga.

"Os resultados são o reflexo da nossa situação, mas estamos juntos. Há um sentimento de união muito grande aqui. Temos consciência do trabalho que precisamos de fazer. Eu, enquanto treinador, sei que a evolução da equipa é essencial. Já conseguimos alcançar algumas coisas: aproximámo-nos do primeiro lugar, mas não fomos competentes para manter essa posição. Fizemos jogadores chegarem a um patamar de exigência elevado, mas outros ainda precisam de tempo e trabalho. É um processo de aprimoramento. Como treinador, conheço muito bem esta casa e compreendo a exigência que representa estar no Benfica. Sei o que é necessário para fazer os jogadores evoluírem e entenderem o que é o Benfica. Vencer apenas a Taça da Liga não chega. Foi, até agora, o único troféu decidido e conquistámos, mas há ainda um longo caminho a percorrer. Tivemos um passo em falso no campeonato, mas temos um jogo muito importante na Liga dos Campeões, onde só dependemos de nós. Além disso, restam 15 jornadas no campeonato, que tem sido muito irregular para todas as equipas, possivelmente devido ao novo formato da Liga dos Campeões. Ainda estamos na Taça de Portugal. Há muito por conquistar. O que mais queremos — e que ainda não conseguimos — é consistência. A equipa já demonstrou que sabe jogar bem. Agora, o nosso objetivo é encontrar essa consistência e mantê-la ao longo do tempo", salientou.

De resto, Lage garante não sentir a pressão.

"Senti que foi uma conversa muito boa e que, aqui, deve ser entendida nesse sentido. Os comentadores vão analisar tudo o que fizemos, mas esta conversa foi para todos os benfiquistas. Estou muito seguro do que tenho a dizer. Foi uma conversa de 35 minutos, e apenas 1,30 minutos do áudio foi tornado público. O que quis transmitir – e sinto que consegui passar – é que a união é fundamental. A união dos adeptos foi essencial no título que conquistei, o 37. Recordem o quanto sofri e paguei por isso durante a pandemia. Não senti a pressão, mas também não senti o apoio dos adeptos. Só eu sei o que isso significou. E o treinador que veio a seguir também passou pelo mesmo, sem sentir a força dos adeptos do Benfica. Esse apoio é crucial, e acredito que é um dos maiores fatores que nos pode levar de volta aos sucessos que todos desejamos", frisou.

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O treinador discorda da ideia de que as críticas que se ouvem no áudio não minam a confiança da equipa no balneário.

"Não minam as análises e o que disse aos jogadores. Quer no áudio, já o tinha dito anteriormente na conferência e já tinha falado com os jogadores sobre isso. Eles sofrem com isso, têm conhecimento do trabalho que têm de fazer e sabem o quanto custou passar para o primeiro lugar, após 3 meses de trabalho. Eles também fazem análise crítica. A forma como sofremos golos não é de uma equipa que está em primeiro e quer vencer provas. A prova disso foi a resposta muito boa na Taça da Liga. Tudo o que foi dito foi analisado com os adeptos e eles percebem perfeitamente o que quero e a exigência que tenho para com eles", disse.

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Elson Correia