Bruno Lage esteve em conferência de imprensa para explicar o polémico áudio que protagonizou após o Casa Pia-Benfica.
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O técnico encarnado revela que foi o próprio que teve a iniciativa de falar com os adeptos que se encontravam junto da Luz e que julgava que a conversa que teve ficaria na esfera privada.
"Fomos nós que organizámos esta conferência devido à conversa que pensei ser privada com os adeptos que estavam à espera da equipa na chegada a Lisboa. Fui falar com os adeptos da mesma forma que o faço quando ganhamos troféus e mostramos a taça aos adeptos. Num momento menos positivo, fui o primeiro a reconhecê-lo. Tanto na conferência de imprensa, porque senti a desilusão dos adeptos e percebi que demos um passo em falso, como à entrada do autocarro, onde disse que entendia essa desilusão. Tive uma longa conversa de 30 minutos com os adeptos que estavam à espera e pensei que seria uma conversa privada. Estou aqui para esclarecer tudo sobre essa conversa. Temos um jogo muito importante para preparar. Quero que tudo fique esclarecido para que todos, incluindo eu, a minha equipa, os jogadores e os adeptos, comecem a focar-se na Juventus", afirmou.
Lage pronunciou-se sobre o conteúdo do áudio, em que parece colocar em causa a gestão da direção e criticar os jogadores. O técnico refere que o momento do áudio em que comenta os erros defensivos, foi algo que já havia dito na cara dos jogadores.
"Que fique claro: a responsabilidade pelo resultado de ontem e pelo insucesso é minha, do treinador. Agora, a minha exigência para com os jogadores tem de ser máxima. Vou socorrer-me dos meus apontamentos. O que foi divulgado é uma frase solta de um áudio de um minuto e meio, tirada de uma conversa de 30 minutos. Sobre a situação de não saltar à bola, vinha no contexto do que já tinha referido na conferência de imprensa: uma equipa que chega em primeiro lugar não pode sofrer os golos que temos vindo a sofrer — alguns de penálti, outros de bola parada em que não saltámos. Nunca foi referido que os jogadores não correm ou não lutam.
Antes de se tornar público, tudo foi apontado aos jogadores de forma interna. É sempre uma análise crítica que fazemos, individual e coletiva, sobre os erros que vamos cometendo. Cabe sempre a mim criar condições para a equipa evoluir. Tenho dito aqui que algumas situações já controlamos bem, mas outras ainda não. Precisamos continuar a evoluir e a trabalhar. É algo que tem sido bastante visível nos últimos jogos", disse.
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Lage procurou ainda desmentir a questão relativa ao facto de as suas decisões serem baseadas no preço que os jogadores custaram.
"Sobre a questão dos '20 milhões' e dos '5 milhões', veio num contexto em que explicava aos adeptos, que, pela emoção, sugeriram tirar certos jogadores do plantel e colocar jovens. Foi uma tentativa de explicar que os ativos dos clubes não funcionam assim. Não se pode tirar um jogador de 20 milhões e depois colocá-lo no mercado valendo 5 milhões. Isso afeta a forma como o clube consegue vender e contratar novos jogadores.
Quero reforçar que, como treinador português, que conhece esta casa como ninguém, sinto que estamos alinhados, eu e as três pessoas à minha frente, e que temos todas as condições para fazer os ajustes necessários. Continuo a acreditar muito neste plantel, que tem enorme qualidade. Como todos os plantéis, sentimos que há espaço para evoluir e crescer. Temos ainda 15 dias para trabalhar nesse sentido e fazer esta equipa evoluir", considerou.
Outra crítica no áudio que motivou as questões dos jornalistas foi a crítica sobre a equipa não dar três toques seguidos na bola.
"Uma vez mais, é preciso fazer o contexto. Quem faz os jogos que fizemos, pelo menos os últimos quatro, depois de fazer o mais difícil – Braga, Sporting, Famalicão, Barcelona, Farense – e depois fazer os primeiros 30 minutos com o Casa Pia, com golos e boas jogadas, e depois perder o controlo do jogo, passando parte dele a permitir transições ao adversário... são todas situações que, numa conversa longa, é preciso criar contexto para isso. Mal seria se o treinador viesse criticar publicamente depois desses jogos, onde a equipa não conseguiu fazer três toques seguidos".