Nani, recentemente retirado do futebol profissional, é uma das figuras mais emblemáticas a emergir da formação do Sporting. Numa entrevista ao Futebol Total, do Canal 11, o antigo internacional português partilhou memórias da sua chegada ao clube lisboeta, descrevendo os desafios e aprendizagens que marcaram os seus primeiros anos em Alcochete.
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Chegado ao Sporting ainda jovem, Nani deparou-se com um ambiente altamente competitivo, onde teve de superar não só dificuldades financeiras, mas também a pressão de corresponder às elevadas expectativas colocadas nos talentos da academia leonina.
O próprio contou uma história reveladora das dificuldades financeiras que atravessava na juventude mas que nunca impediram de expressar o seu talento.
"Eu não tinha condições. Quando cheguei ao Sporting comecei a ver os meus colegas todos com chuteiras da Puma, da Nike, tudo bonitinho, e a minha bota, como nós costumávamos dizer, à frente tinha língua de gato porque era toda aberta e a meia ficava aqui à frente. Um dia, um colega meu viu-me e teve pena, então chegou à minha beira e disse-me: 'Nani, eu empresto-te as minhas chuteiras'. Eu disse que não era preciso, mas ele deixar estar e ele: 'Anda lá. Calça lá e vê se serve'. Eu calcei as botas da Puma, todas novinhas, aquilo ficou mesmo justinho e eu comecei a treinar todo empolgado com aquelas botas, fazia tudo! Depois perguntei-lhe se podia ficar com elas mais um dia e ele disse que eu podia jogar com elas e tudo", afirmou.
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Posteriormente lembrou o momento em que perdeu as referidas chuteiras para outro colega.
"Eu estava a jogar com aquilo, mas um dia cheguei ao meu lugar e as botas não estavam lá. Perguntei ao roupeiro, o Sr. Vítor, quem é que tinha levado as minhas botas e ele disse: 'Ah, veio cá o dono das botas e levou-as'. E eu perguntei como é que era possível isso ter acontecido se as botas eram minhas. Comecei a procurar por elas e fui ter com o rapaz. 'Então, as botas?' e ele disse-me: 'Ah, emprestei a outro colega'. Fui ter com o outro colega e disse: 'Dá cá as botas que as botas são minhas. Como é que vais levar as botas assim se sou eu que estou a jogar com elas?'. Apanhei as botas outra vez e o meu colega ficou todo chateado. Depois veio o Sr. Vítor e o Paulo Bento. Juntaram-se todos e disseram: 'Então? Tu andas a roubar as chuteiras aos teus colegas?' e eu respondi: 'Eu a roubar chuteiras? Então ele é que me emprestou e depois veio o outro tirar-me as chuteiras do meu lugar. As chuteiras estavam boas, eu estava a jogar com elas, então como é que eu ia dar as chuteiras a uma pessoa que nem conheço?'. Disseram-me que aquilo não voltava a acontecer, deram-me outra vez as minhas botas rasgadas, com língua de gato, e eu não joguei nada", disse.
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A estrutura de formação do Sporting foi crucial para o desenvolvimento do jogador, que rapidamente mostrou qualidades técnicas e táticas acima da média.
A passagem pela equipa principal foi um momento decisivo na carreira de Nani. Segundo A Bola, a sua ascensão culminou numa transferência para o Manchester United em 2007, onde conquistou títulos nacionais e internacionais. No entanto, o jogador nunca esqueceu as origens e fez questão de destacar o papel do Sporting na sua formação como atleta e pessoa.
Ao longo de uma carreira marcada por sucessos, Nani manteve-se como um exemplo de resiliência e trabalho árduo, valores que aprendeu desde os primeiros dias em Alcochete.
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Hoje, Nani é visto como um dos maiores produtos da formação do Sporting, tendo deixado uma marca no futebol nacional e internacional.