Depois de Pepe, agora é Iván Marcano a dizer adeus. Em menos de dois anos, o FC Porto perdeu duas das suas vozes mais fortes e experientes no balneário. Dois centrais veteranos que, além da qualidade e fiabilidade dentro das quatro linhas, eram referências absolutas fora delas. Com a saída do defesa espanhol — que optou por não renovar e deverá iniciar agora uma carreira de treinador —, os dragões enfrentam uma nova realidade: quem vai assumir as rédeas da liderança portista?
Veja também: Coração partido? Eis como está a relação de Gyökeres com Inês Aguiar
A saída de Marcano marca o fim de uma era. Ao longo de dez temporadas no clube (com um breve interregno na Roma em 2018/19), o central não era apenas uma figura segura no eixo da defesa — era também o homem que mantinha o grupo unido. Discreto, mas respeitadíssimo, era o veterano que acolhia os mais jovens, que transmitia valores e que, segundo Martín Anselmi, foi essencial para a evolução de Rodrigo Mora. Já Martín Anselmi, técnico entretanto afastado, não hesitou em reconhecer: “Mora é como é porque tem Marcano com 37 anos que lhe ganha todos os duelos”. Palavras que dizem tudo.
Com a despedida de Marcano e a já conhecida saída de Pepe, a liderança portista está em transição. Diogo Costa, que usou a braçadeira na época passada, é o elemento há mais tempo na equipa principal (desde 2019/20, tal como João Mário), mas tem uma postura mais contida e foi forçado, em vários momentos, a delegar funções em colegas de campo, por estar “preso” à baliza. Alan Varela e Eustáquio foram os principais destinatários dessa delegação — nomes emergentes no grupo de capitães que vão ganhando peso, mas ainda sem o carisma impositivo de outros tempos.
Veja também: Ex-árbitro é reforço do FC Porto para a nova temporada
Fábio Cardoso, também parte da estrutura de capitães, regressa agora após um empréstimo ao Al Ain, mas tem poucas hipóteses de permanecer. E no meio desta renovação forçada, cresce a importância de encontrar novas figuras de referência — tanto dentro de campo como no balneário.
A liderança em 2024/25 foi um tema quente: sem Pepe e com Marcano a recuperar de uma lesão grave, a ausência de uma “voz de comando” foi notória. O FC Porto tornou-se mais silencioso, menos impositivo, mais vulnerável em momentos-chave. E com Francesco Farioli a chegar para liderar o novo ciclo técnico, o desafio é claro: encontrar homens capazes de liderar — não só pela performance, mas também pela palavra, pelo exemplo, pelo respeito.
Veja também: Volte-face inesperado no futuro de Henrique Araújo no Benfica
Neste momento, os nomes que surgem como candidatos a preencher esse vazio ainda têm caminho a percorrer. Diogo Costa tem estatuto e tempo de casa, mas falta-lhe presença no relvado fora da baliza. Alan Varela impõe-se pelo futebol, mas ainda se está a afirmar como líder. Eustáquio tem carisma e entrega, mas será suficiente?
O tempo dirá quem se chega à frente. O que é certo é que, com a saída de dois “pesos pesados”, o FC Porto entra numa nova era de liderança — e não há margem para que ela seja silenciosa.
Veja também: Cláusula do contrato de Gyökeres que trama Sporting está oficialmente ativa