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Nacional
03/12/25 às 19:13

Liga reage com dureza à ameaça da APAF: “Posição incompreensível e geradora de alarme social”

A tensão entre a Liga Portugal e a Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol subiu vários graus esta quarta-feira, depois da associação liderada por José Borges ter ameaçado uma “paragem total” dos árbitros caso não fossem implementadas medidas imediatas para reforçar a segurança e a dignidade do exercício da função

A resposta da Liga não tardou — e veio em tom firme, classificando a posição da APAF como “incompreensível” e responsável por “provocar alarme social”.

No comunicado, a Liga mostra estranheza perante o momento escolhido pela APAF para tornar públicas as suas reivindicações, sublinhando que o tema já tinha sido discutido na reunião entre ambas as entidades a 12 de Novembro. O organismo recorda que recebeu, nessa ocasião, um “caderno reivindicativo” focado sobretudo no agravamento de punições disciplinares, mas que, pela sua complexidade, foi encaminhado para análise jurídica.

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O ponto central da discórdia prende-se com o pedido da APAF para alterações regulamentares imediatas, ainda durante a presente época. A Liga reafirma aquilo que já tinha transmitido à associação de árbitros: não existem condições legais nem operacionais para alterar regras com o campeonato em andamento, uma vez que isso criaria desigualdade entre jornadas.

Além disso, o organismo frisa que a Cimeira de Presidentes, marcada para esta quinta-feira, não é um órgão deliberativo, questionando a razão pela qual a APAF decidiu lançar um comunicado tão grave precisamente na véspera desse encontro.

Por outro lado, a Liga reforça a sua disponibilidade para avaliar alterações regulamentares para a época 2026/27, incluindo matérias disciplinares, de arbitragem e de competição. Recorda ainda que a arbitragem é um serviço prestado à Liga pela Federação Portuguesa de Futebol, o que, na leitura do organismo, torna incompreensível a pressão pública exercida pela APAF.

No centro deste braço-de-ferro, permanece a ameaça de uma greve total dos árbitros — algo que, a concretizar-se, poderia comprometer por completo o calendário das competições profissionais. Para já, o clima mantém-se tenso, e o futebol português aguarda com expectativa o desfecho desta disputa institucional.

Comunicado da Liga Portugal na íntegra

  1. A Liga Portugal lamenta a posição da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), particularmente do seu presidente, José Borges, na medida em que o assunto agora trazido a público – reivindicações da associação de classe – já havia sido tratado aquando da reunião entre as partes, a 12 de novembro, e reiterado em conversas posteriores. A Liga Portugal não compreende, por isso, o alcance do recente comunicado da APAF nem o facto de ter sido tornado público na véspera da Cimeira de Presidentes, que não é um órgão deliberativo.

  2. A Liga Portugal recebeu da APAF, na data referida, um caderno reivindicativo, nomeadamente no capítulo da Disciplina, relacionado com o comportamento dos agentes desportivos, que, dada a sua complexidade e teor, foi reencaminhado para os serviços jurídicos, que primeiro verificam a admissibilidade legal de cada reivindicação.

  3. Dos contactos entretanto gerados entre a Liga Portugal e a APAF, nomeadamente na referida reunião entre as partes, ficou explícito algo primordial para a entidade que tutela o Futebol Profissional e então compreendido pela APAF: na defesa intransigente da integridade das competições, não havia condições para se fazer a solicitada alteração regulamentar, pelo que qualquer mudança às regras com um campeonato em curso nunca seria equacionável pelo organismo, nomeadamente para uma proposta que, ativada a meio da época, geraria dois pesos e duas medidas para situações idênticas entre as primeira e derradeira jornadas.

  4. A Liga Portugal reitera a disponibilidade — sempre manifestada por esta Direção — para analisar todas as propostas de alteração dos regulamentos de Competições, Arbitragem e Disciplinar da época 2026-27.

  5. A Liga Portugal entende que a posição da APAF é incompreensível e provoca alarme social. Após a acalmia registada nos últimos fins de semana no que diz respeito a críticas públicas à arbitragem, a Liga Portugal estranha que a APAF, sem razão evidente, coloque os árbitros de novo no epicentro da discussão.

  6. É do conhecimento da APAF e do seu presidente que a arbitragem é um serviço prestado às competições profissionais pela Federação Portuguesa de Futebol.