A escolha de Rúben Amorim para suceder a Erik ten Hag no Manchester United foi, desde o início, um movimento arrojado. A contratação de um treinador sem experiência prévia numa das cinco grandes ligas, embora com títulos nacionais no currículo, criou um ponto de fricção entre os adeptos, ex-jogadores e comentadores britânicos.
Veja também: A inesperada reação de Falcao aos golaços de Rodrigo Mora
Um perfil fora do padrão da Premier League
Amorim é um técnico de ideias vincadas: aposta num modelo de jogo apoiado na construção desde trás, pressões organizadas e um esquema de três centrais que nem sempre encaixa no perfil físico e tático da Premier League. Ao contrário de técnicos “conservadores” ou pragmáticos que encontraram sucesso imediato em Inglaterra, Amorim exige tempo — e isso é um luxo raro em Old Trafford.
A resistência dos históricos
A crítica feroz de ex-jogadores como Gary Neville, Roy Keane ou Teddy Sheringham não deve ser subestimada. Estas figuras não só moldam a opinião pública como têm influência mediática junto da massa adepta do clube. A crítica comum entre eles não é apenas sobre resultados — é sobre identidade. O United de Amorim, dizem, não tem ainda uma alma reconhecível nem a capacidade de competir com os melhores. E a paciência começa a esgotar-se.
Veja também: Depois de Nico González, Man. City prepara investida por craque do FC Porto
O peso de cada jogo
Com a equipa a meio da tabela e os sinais de crescimento ainda ténues, cada jogo está a ser avaliado como um teste final. A Liga Europa, onde o United ainda está em prova, tornou-se uma tábua de salvação — não apenas em termos desportivos, mas como argumento para justificar a continuidade do projeto.
As vozes do outro lado
Ainda assim, há quem defenda que Amorim deve ser julgado apenas após ter um mercado de transferências completo. Graeme Souness, por exemplo, relembra que Amorim está a trabalhar com jogadores que não escolheu e que a base do plantel está desestruturada há anos. Outros analistas mais próximos do futebol continental defendem que Amorim representa uma mudança de paradigma que o United precisa: menos nomes, mais ideia de jogo.
Veja também: Volte-face inesperado complica regresso de Bernardo Silva ao Benfica
Conclusão
Rúben Amorim está a viver o maior desafio da sua carreira, num contexto onde cada vitória é minimizada e cada derrota amplificada. A divisão entre críticos e defensores é apenas o reflexo de um clube à procura de si mesmo. E enquanto isso não acontecer, o treinador português caminhará numa linha demasiado fina entre o risco e a oportunidade.