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13/12/25 às 16:15

Lindsey Vonn desafia o tempo e faz história aos 41 anos: vitória épica em St. Moritz confirma regresso em grande

Lindsey Vonn voltou a escrever uma página dourada na história do esqui alpino. Aos 41 anos, a norte-americana venceu o downhill da Taça do Mundo de St. Moritz, alcançando um triunfo carregado de simbolismo e quebrando todas as barreiras associadas à idade, às lesões e ao próprio conceito de regresso ao alto rendimento.

Sete anos depois da última vitória neste local mítico e 2830 dias após o último triunfo em provas da Taça do Mundo, Vonn voltou a subir ao lugar mais alto do pódio — desta vez com um joelho reconstruído e uma mensagem clara para o mundo: está de volta.

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A descida foi dominadora. Vonn completou o percurso em 1.29.63, deixando a concorrência a 0,98 segundos, uma margem expressiva numa disciplina onde cada centésimo conta. Com este resultado, somou a 83.ª vitória da carreira na Taça do Mundo, a 44.ª em downhill, tornando-se a esquiadora mais velha de sempre a vencer uma prova do circuito mundial. O último triunfo datava de março de 2018, em Åre, na Suécia, antes de uma retirada que parecia definitiva.

Um regresso contra todas as probabilidades

A carreira de Lindsey Vonn foi marcada tanto pelo sucesso como pelo sofrimento físico. As dores crónicas no joelho direito acabaram por forçar o abandono da competição em 2019, numa altura em que já era considerada uma das maiores atletas da história da modalidade. No entanto, longe das pistas, a vontade de competir nunca desapareceu.

Após uma intervenção cirúrgica complexa, que incluiu a substituição parcial dos ossos do joelho direito por componentes de titânio, Vonn revelou sentir-se melhor do que em muitos anos. O corpo respondia, a confiança regressava e a ideia de um retorno deixou de ser um sonho distante. O primeiro passo foi dado como forerunner, função que testa as pistas antes das provas oficiais. Sem limitações físicas, a campeã decidiu avançar.

O pódio alcançado em março foi o sinal de que o caminho estava certo. A vitória em St. Moritz confirmou-o de forma inequívoca.

Uma descida de campeã

Curiosamente, Vonn não começou a prova na liderança. Foi na segunda metade do percurso, a mais rápida e tecnicamente exigente, que fez a diferença. A norte-americana registou os melhores tempos nos três últimos setores, atingiu uma velocidade máxima de 114 km/h e manteve um nível de agressividade e controlo que nenhuma adversária conseguiu igualar.

À medida que as restantes concorrentes falhavam aproximações, a vantagem de Vonn crescia. Quando cruzou a meta, ficou claro que se tratava de uma exibição especial — não apenas pela vitória, mas pela forma como foi construída.

Trabalhámos muito para isto — não apenas eu, mas toda a equipa”, explicou Vonn após a prova. “Sabia que estava a esquiar depressa, mas nunca se sabe até à primeira corrida. Fui um pouco mais rápida do que esperava e isso deixa-me entusiasmada. Ainda cometi alguns erros, o que é positivo. Concentrei-me em esquiar limpo nas zonas mais inclinadas e em levar a velocidade até ao fim, e resultou.”

O foco está agora no futuro imediato. “É gerir a energia, manter o ritmo e executar o plano novamente. Estou especialmente entusiasmada para o super-G, porque aí sinto que estou a esquiar ainda melhor”, acrescentou.

Um palmarés lendário

Quando colocou um ponto final na carreira, Lindsey Vonn já era uma referência absoluta do esqui alpino. Detinha o recorde de mais vitórias em Taças do Mundo (82) — entretanto superado por Mikaela Shiffrin —, era a atleta, entre homens e mulheres, com mais triunfos em downhill (43) e super-G (28), as disciplinas mais rápidas da modalidade.

No total, conquistou 20 Globos de Cristal, prémio atribuído aos campeões das várias disciplinas e ao vencedor da classificação geral, outro recorde histórico. Nos Jogos Olímpicos de Inverno de Vancouver, em 2010, tornou-se ainda na primeira norte-americana campeã olímpica de downhill, reforçando um legado que parecia fechado.

A vitória em St. Moritz reabre esse capítulo e coloca Lindsey Vonn novamente no centro do esqui mundial, numa época que culmina nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2026. Mais do que um regresso competitivo, trata-se de uma afirmação rara de longevidade, resiliência e paixão pelo desporto.

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Aos 41 anos, com um joelho de titânio e a mesma fome de sempre, Lindsey Vonn provou que as lendas não desaparecem — apenas encontram novas formas de vencer.