O julgamento sobre as circunstâncias que rodearam a morte de Diego Armando Maradona continua a decorrer em Buenos Aires e, esta semana, trouxe revelações arrepiantes. Mauricio Cassinelli, médico legista responsável pela autópsia ao antigo internacional argentino, traçou um retrato chocante das últimas horas de vida de El Pibe.
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Segundo Cassinelli, Maradona terá passado por um processo de agonia prolongada, que poderá ter durado mais de 12 horas, numa condição física já bastante debilitada. O especialista revelou que o corpo apresentava um edema generalizado, dos pés à cabeça, e que o coração do antigo número 10 pesava mais do dobro do normal.
«Encontrámos mais de 4,5 litros de água no corpo, três deles apenas no abdómen», afirmou o perito, reforçando que este quadro clínico era já um sinal de alerta grave que não surgiu de um dia para o outro.
Cassinelli foi perentório: a acumulação de líquidos não terá acontecido «num só dia, nem em dois, nem sequer em quatro». As conclusões apontam para um problema que se vinha agravando há pelo menos dez dias, sustentando a tese da acusação de que os profissionais de saúde que acompanharam Maradona falharam gravemente.
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Negligência ou descuido?
O Ministério Público argentino acusa sete profissionais de saúde — entre médicos, enfermeiros e psicólogos — de homicídio com dolo eventual, ou seja, de ter assumido os riscos fatais da sua conduta. Em caso de condenação, os arguidos poderão enfrentar penas de prisão entre 8 e 25 anos.
Maradona faleceu a 25 de novembro de 2020, vítima de uma paragem cardiorrespiratória, numa residência nos arredores de Buenos Aires, semanas após ter sido submetido a uma cirurgia ao cérebro. Ainda assim, a forma como foi tratado durante a recuperação — ou a falta dela — está no centro do julgamento, que se prolongará até julho e contará com o depoimento de mais de 100 testemunhas.
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