Luís Figo foi o mais recente convidado do podcast Bajo los Palos, conduzido por Iker Casillas, e falou de forma aberta sobre o percurso da Seleção Nacional, a evolução do campeonato português e episódios marcantes da sua carreira, como o polémico Mundial 2002.
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No que toca à Seleção, o antigo capitão lamentou não ter conquistado um título com a sua geração, mas sublinhou a transformação que Portugal viveu nas últimas décadas:
«Claro que gostava de ter dado um título nessa geração. Quando cheguei à Seleção principal, nem pensávamos que podíamos ganhar um Europeu ou Mundial. Nem nos qualificávamos. Estávamos sempre a sofrer».
Figo destaca que a mudança começou quando os jogadores portugueses começaram a sair para o estrangeiro, ganhando estatuto e experiência:
«Houve uma transformação com a saída de jogadores para o estrangeiro, que nos permitiu construir respeito e uma imagem que perdura. Merecíamos vencer em 2000 ou 2004, mas o futebol é assim. Uns anos depois, outros tiveram essa felicidade. No final, tudo o que construímos deu frutos».
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⚽ Figo sobre o futebol português atual
O antigo internacional vê o campeonato português como um espaço de crescimento e afirmação para jovens talentos:
«Vejo um campeonato que não pode competir financeiramente com o espanhol ou inglês, mas que produz muitos talentos. É uma liga que permite crescer, mostrar-se, e que aposta na formação. Continua a ser uma liga de exportação.»
🇰🇷 Mundial 2002: «Senti que nos estavam a roubar»
Questionado por Casillas sobre o Mundial da Coreia do Sul e Japão, onde Portugal foi eliminado na fase de grupos, Figo foi direto:
«Senti impotência. Sentes que te estão a roubar. Muitas vezes reages a quente no campo, mas a frio pensas: ‘que imagem dei?’»
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Revelou ainda um episódio recente com a UEFA:
«Mostraram-me uma imagem minha a protestar com o árbitro e pensei ‘que vergonha’. Mesmo quando estás a ser prejudicado, há atitudes que não deves ter».
Luís Figo, que venceu a Bola de Ouro em 2000, somou 127 internacionalizações por Portugal e é uma das figuras maiores da história do futebol nacional. Apesar de nunca ter conquistado um troféu com a Seleção, o seu papel na construção de uma geração de respeito é unanimemente reconhecido — e, como o próprio diz, os frutos acabaram por surgir mais tarde.