adeptos-logo
Diversos
16/12/25 às 17:56

José Veiga e mais oito arguidos acusados de corrupção, branqueamento e fraude fiscal no processo “Rota Atlântico”

O Ministério Público deduziu acusação, esta terça-feira, contra nove arguidos no âmbito do processo conhecido como “Rota Atlântico”.

Uma investigação conduzida pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) que envolve suspeitas de crimes de corrupção ativa com prejuízo do comércio internacional, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada. 

Entre os arguidos encontra-se o empresário português José Veiga, bem como Paulo Santana Lopes, segundo informação apurada pela SIC.

ler também : Manchester United contraria versão de Bruno Fernandes sobre proposta do Al Hilal

De acordo com a acusação, os factos remontam ao período entre 2011 e 2013 e envolvem a atuação de um grupo empresarial brasileiro que, através de dois dos seus dirigentes e de outros intermediários — todos agora arguidos — terá prometido e concretizado a entrega de bens e outras vantagens a funcionários e titulares de cargos políticos da República do Congo. Em troca, esse grupo terá conseguido a adjudicação de vários contratos de obras públicas naquele país africano, num esquema que, segundo o Ministério Público, causou prejuízo ao comércio internacional.

A investigação sustenta ainda que os nove arguidos recorreram à constituição de múltiplas entidades no estrangeiro e à abertura de diversas contas bancárias em nome dessas sociedades, nomeadamente em Cabo Verde e na Suíça. Através desses mecanismos e da elaboração de documentação sem correspondência com a realidade, os arguidos terão feito circular fundos destinados tanto a si próprios como a responsáveis políticos congoleses. Esses montantes teriam origem nos pagamentos efetuados pelo Governo da República do Congo no âmbito da execução dos contratos de obras públicas obtidos de forma ilícita.

Segundo o Ministério Público, parte significativa desses fundos foi posteriormente utilizada na aquisição de património, incluindo veículos, imóveis, participações sociais e outros bens, tanto em território nacional como no estrangeiro, num processo típico de branqueamento de capitais. A acusação refere ainda que dois dos arguidos com residência fiscal em Portugal — identificados pela SIC como José Veiga e Paulo Santana Lopes — não declararam rendimentos obtidos no estrangeiro relativos ao exercício de 2015, o que terá causado prejuízo direto ao Estado português.

Em termos financeiros, o Ministério Público estima que esteja em causa uma vantagem patrimonial global superior a 224 milhões de euros, a que acrescem mais de 90 milhões de dólares norte-americanos. No decurso da investigação foram apreendidos 15 imóveis, seis veículos automóveis, quantias em numerário, saldos de contas bancárias em Portugal e na Suíça, títulos e outros bens móveis, num valor aproximado de 157 milhões de euros e mais de 10 milhões de dólares.

ler também : ler também : Sporting coloca à venda bilhetes para Guimarães com novo critério já em vigor

Foi igualmente deduzido um pedido de indemnização civil no valor de cerca de 44,9 milhões de euros. Entre os arguidos constam ainda, segundo informação divulgada, o filho do presidente da República do Congo e um antigo ministro das Finanças daquele país, o que sublinha a dimensão internacional e política do processo agora levado a julgamento.