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Nacional
04/12/25 às 17:05

2025: o ano negro das Navegadoras — e as perguntas que ficam para 2026

O futebol feminino português viveu uma década de crescimento acelerado, consolidando-se no panorama europeu e mundial.

Sob o comando de Francisco Neto, a Seleção Nacional feminina conquistou feitos inéditos: três presenças consecutivas em fases finais do Europeu (2017, 2022 e 2025) e estreia em Mundiais (2023). A curva ascendente parecia firme, sustentada e imparável. Até chegar 2025.

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O ano que agora termina foi, sem margem para discussão, o pior dos 11 sob liderança de Francisco Neto. Lesões graves e prolongadas de figuras-chave como Kika Nazareth, Jéssica Silva ou Lúcia Alves retiraram qualidade e profundidade ao grupo, mas nem esse contexto explica totalmente o que aconteceu. As adversárias, na sua maioria de topo do ranking FIFA, obrigariam sempre a dificuldades; porém, o conjunto de goleadas sofridas, o volume de golos encaixados e a incapacidade de competir em vários momentos deixaram um sinal de alarme claro.

Os números falam por si — e são duros.

13 jogos

2 vitórias, 3 empates, 8 derrotas

40 golos sofridos (mais de 3 por jogo!)

✔ A pior percentagem de vitórias da era Francisco Neto: 15,4%

✔ Derrotas pesadas como 0-5 com o Brasil, 5-0 com a Espanha, 6-0 em Inglaterra ou 1-7 em Espanha

Comparando com 2024, ano em que Portugal registou 83,3% de vitórias, a queda é difícil de ignorar. A Seleção não só perdeu jogos: perdeu competitividade, perdeu confiança e voltou a mostrar fragilidades que se julgavam ultrapassadas.

Francisco Neto admite que estas “dores de crescimento” fazem parte do processo. O seleccionador insiste que enfrentar adversários de nível máximo é essencial para elevar patamares e aproximar Portugal das selecções mais fortes do mundo. É um argumento válido — mas também legítimo perguntar: depois de tantos anos, não deveriam algumas destas dores já estar resolvidas?

A equipa entrou em 2025 com ambição e com a expectativa de confirmar a evolução dos últimos anos. Sai com dúvidas e com a sensação de que muito trabalho está ainda por fazer. As goleadas foram demasiadas, demasiado frequentes e, nalguns casos, demasiado pesadas para quem quer consolidar estatuto internacional.

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Agora, segue-se 2026 e o apelo é claro: reconstruir, reajustar e preparar a campanha de qualificação para o que se espera ser a segunda presença de Portugal num Campeonato do Mundo. Se 2025 fica marcado como um ano a esquecer, 2026 terá de ser o ano para provar que este doloroso retrocesso foi apenas uma travagem momentânea — e não um passo atrás na afirmação definitiva das Navegadoras.

André Miguel Rodrigues