Ricardo Araújo Pereira voltou a dar a cara pelo apoio à candidatura de João Noronha Lopes à presidência do Benfica. Em declarações divulgadas esta quinta-feira, o humorista e sócio do clube não poupou críticas à actual direcção liderada por Rui Costa, misturando ironia, desabafo e lucidez política numa análise mordaz ao momento do clube da Luz.
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Um dos rostos mais mediáticos entre os apoiantes de Noronha Lopes, Ricardo deixou claro que não tem qualquer ambição de integrar a estrutura dirigente do Benfica.
“O meu lugar no Benfica… tenho aqui o cartão. É no piso 0. É um título fundador que comprei em 2004 e que mantenho. O João Noronha Lopes sabe: eu apoio, conte comigo, mas a partir do dia em que ganhar as eleições… eu não sei fazer mais nada. A minha cadeira é aquela”, afirmou.
Sobre as razões que o levam a apoiar Noronha Lopes nestas eleições, foi directo: “Quero que o Benfica tenha uma gestão competente, independente de interesses que não sejam os do Benfica. A vida corre-me melhor quando o Benfica ganha. Isso é meio caminho andado para começar a ganhar”.
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Críticas à actual direcção
Ricardo não esconde o descontentamento com o rumo que o clube tem seguido.
“A direcção parece menos interessada em defender o Benfica do que em defender-se dos benfiquistas. Há inúmeros problemas. O João Noronha Lopes fez um resumo perfeito: bons a formar, rápidos a vender e maus a contratar.”
E comparou com os rivais: “Nos últimos seis anos, pós-Alcochete, o Sporting ganhou três campeonatos. O FC Porto, intervencionado pela UEFA, ganhou dois. O Benfica, com grande saúde financeira, como nos dizem, ganha um”.
Gestão desportiva e desgaste dos adeptos
Para o humorista, a actual liderança tem sido errática. “Quando todos percebiam que o Schmidt não ia aguentar, ele é mantido. No final da outra época, o presidente Rui Costa disse que obviamente era Schmidt. Depois, ao fim de quatro jogos, acabou”.
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Questionado sobre o Mundial de Clubes, não poupou críticas à gestão do calendário: “Significa que os jogadores tiveram uma semana de férias e acho isso lamentável. A seguir começa a Supertaça e a Liga dos Campeões… não sei com que energia os jogadores vão estar.”
Mas também deixou uma nota mais emotiva sobre a importância do Benfica: “O Benfica é uma das raras hipóteses que uma larga massa de pessoas tem de dizer ‘eu ganhei’. Há uma escritora que gosto muito, a Hélia Correia, que diz que o futebol é um desperdício de emoções. Eu não sou capaz de concordar. Tirando duas ou três ocasiões, as maiores alegrias que tive foi o Benfica que me deu. E tristezas também”.
Críticas à blindagem do clube
Ricardo Araújo Pereira reconheceu que a campanha de Noronha Lopes parece mais vibrante do que a de 2020, em parte porque há agora menos medo de apoiar a oposição: “Criticar a direcção do Benfica não é criticar o Benfica. Toda a gente tolera que eu diga o que me apetece sobre o presidente da República, mas parece criminoso dizer alguma coisa sobre o presidente do Benfica”.
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E não escondeu a saturação dos adeptos: “As pessoas começam a ficar saturadas de promessas. Ainda por cima contra adversários enfraquecidos. Olhamos para as contas e percebemos que o Benfica investiu muito mais.”
Rui Costa: de ídolo a alvo
Apesar de reconhecer o talento do presidente enquanto jogador, o humorista traçou um paralelo desconfortável: “O Rui Costa foi um grande jogador. Mas há um perceber de futebol para ser jogador e outro para ser presidente. O Maradona era um grande jogador e não foi um grande treinador. Eu percebo o Rui Costa. Em casa sou igual. Faço o papel que ele fez no Benfica de Vieira. Assino papéis sem saber onde está nada…”
E rematou com ironia: “Não tenho capacidade para ser presidente do Benfica. E acho que ele também não”.
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Eleições antecipadas e dispersão de votos
Sobre o actual calendário eleitoral, Ricardo defendeu a antecipação das eleições e alertou para o risco da dispersão de votos entre várias candidaturas: “Preferia que as eleições fossem antecipadas. Qualquer direcção que seja eleita vai ter de lidar com escolhas que não são suas. Imagino que haver muitos candidatos vai dividir votos. As pessoas terão oportunidade de analisar e perceber a credibilidade de cada uma”.