A centralização dos direitos desportivos voltou a ser tema quente no setor das comunicações, com os líderes da MEO, NOS e Vodafone a posicionarem-se publicamente sobre o futuro da Sport TV — canal de desporto detido precisamente por estas operadoras.
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Durante o 34.º Congresso da APDC, que decorreu na Culturgest, em Lisboa, os CEOs das três principais operadoras foram questionados sobre a pertinência de continuarem ligados à Sport TV. As respostas, embora cautelosas, apontaram numa mesma direção: o modelo atual está desajustado da realidade do mercado.
Ana Figueiredo, presidente executiva da MEO (Altice Portugal), defendeu que a discussão deve começar pela raiz:
“A primeira coisa que tem de ser discutida é a centralização dos direitos desportivos”.
A responsável considerou que, enquanto essa clarificação não acontecer, será difícil dar respostas definitivas quanto à permanência da operadora na estrutura accionista da Sport TV. Um sinal claro de que a MEO está aberta à mudança, mas exige regras do jogo bem definidas.
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Já Luís Lopes, CEO da Vodafone, recordou que a entrada da operadora no capital da Sport TV remonta a dez anos e salientou o papel da empresa como distribuidora e não como produtora de conteúdos.
“O nosso papel é garantir que os nossos clientes têm acesso a todos os conteúdos. Não somos donos dos conteúdos”.
A posição foi reforçada por Miguel Almeida, CEO da NOS, que evocou o contexto histórico da entrada na Sport TV — há 25 anos — quando ainda não existia televisão por subscrição em Portugal:
“Na altura fazia sentido. Era preciso criar incentivos para que as pessoas migrassem para a pay TV. Hoje, não faz sentido”.
Com o mercado cada vez mais fragmentado e com uma oferta de conteúdos desportivos em expansão — incluindo novos atores no streaming — a pressão para rever o modelo de distribuição e centralização dos direitos televisivos do futebol português cresce de ano para ano.
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O Governo e a Liga têm manifestado intenção de avançar com a centralização dos direitos nos moldes de outros campeonatos europeus, mas os entraves jurídicos e comerciais — incluindo os interesses cruzados na Sport TV — continuam a adiar uma reforma estrutural.
O debate agora reacende-se e, pelas declarações das três principais operadoras, o tempo do “status quo” poderá estar a chegar ao fim.