Aos 36 anos, Francesco Farioli é mais do que um nome promissor no futebol europeu — é o reflexo de uma nova vaga de treinadores obsessivos pela organização, pelo detalhe e pelo controlo. O italiano está no radar de André Villas-Boas para orientar o FC Porto e, apesar de não ter ainda conquistado títulos relevantes, é visto como um técnico de autor, capaz de transformar equipas em pouco tempo. Mas será o momento certo? E sobretudo: o FC Porto terá o contexto ideal para que as ideias de Farioli resistam a uma época de exigência extrema?
Veja também: Lage reage à dolorosa eliminação do Benfica do Mundial de Clubes
Um discípulo com ADN tático
Farioli não foi jogador profissional, mas soube desde cedo o que queria: treinar. Com formação na exigente academia de Coverciano, iniciou-se como treinador de guarda-redes sob a alçada de Roberto De Zerbi no Benevento e depois no Sassuolo. Do mentor herdou o gosto por um futebol paciente, técnico e cerebral, com construção desde trás, ocupações racionais dos espaços e uma pressão alta bem trabalhada.
Foi na Turquia que começou a dar cartas como treinador principal, com passagens marcantes pelo Karamguruk e Alanyaspor. Este último terminou a liga com o melhor registo de sempre. De lá seguiu-se a Ligue 1, onde encantou com o Nice — clube que, à 19.ª jornada, tinha a segunda melhor defesa das Big Five, atrás apenas do Inter. Pelo caminho, vitórias fora de portas frente ao PSG, Mónaco, Lens ou Rennes.
No entanto, tal como aconteceria depois no Ajax, a temporada não terminou em festa. Uma quebra brutal em fevereiro e março fez a equipa cair para o 5.º lugar. Ainda assim, assegurou a qualificação para a Liga Europa.
Veja também: Arsenal aumenta a oferta milionária por Gyökeres e o Sporting já respondeu
Ajax: promessas, lágrimas e desilusão
O passo seguinte foi ainda mais ambicioso. O Ajax contratou Farioli no verão de 2024 como o primeiro técnico italiano da história do clube. O início foi auspicioso: a equipa recuperou a sua identidade ofensiva, praticando um futebol dominador, com linhas subidas e construção apoiada. Ganhou ao PSV, goleou o Feyenoord e liderou durante largas semanas a Eredivisie.
Mas tudo desmoronou no final. Uma série de apenas uma vitória nas últimas cinco jornadas permitiu ao PSV dar a volta à classificação e sagrar-se campeão por um ponto. Farioli chorou no relvado. A despedida foi emotiva e honesta: “Temos visões e calendários diferentes”, explicou, referindo-se à direção do clube.
Ainda assim, foi elogiado internamente. Alex Kroes, diretor técnico, reconheceu que “deu nova energia ao Ajax” e teve “papel fundamental na reaproximação ao ADN do clube”.