O empate no Clássico do Estádio do Dragão, que manteve o Benfica a quatro pontos da liderança, voltou a colocar em debate o estilo de jogo da equipa orientada por José Mourinho.
Nacional
07/10/25 às 10:46
Lenda do Benfica: "Mourinho não inventou nada no futebol"
O antigo jogador e ídolo do Benfica, António Simões, analisou o empate (0-0) frente ao FC Porto e deixou críticas à estratégia de José Mourinho, lamentando a falta de qualidade ofensiva da equipa e a excessiva dependência do estatuto do treinador.
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Com apenas quatro remates à baliza — o pior registo da jornada e o mais baixo das últimas sete épocas —, o Benfica apresentou uma postura pragmática que não passou despercebida a António Simões.
Em declarações ao Desporto ao Minuto, o antigo internacional português e glória encarnada fez uma análise crítica à estratégia de Mourinho.
“O Benfica, à semelhança do jogo com o Chelsea, deu uma imagem competitiva, sabendo que não podia de maneira nenhuma ficar a sete pontos do rival. Foi um jogo intenso, agressivo e muitas vezes sem qualidade. Este é o futebol que estamos a assistir, no qual é mais importante não perder do que ganhar, o que não é novidade”, afirmou o ex-avançado, que conquistou dez campeonatos pelo clube.
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António Simões lamentou ainda o que considera ser uma excessiva reverência à figura de José Mourinho.
“Há uma submissão ao estatuto de José Mourinho, como para outras meia dúzia de pessoas. O plano de jogo não foi surpresa. Ele não inventou nada no futebol. Ninguém coloca em causa o seu sucesso, mas sim o conceito, que já vem de outros treinadores no passado. No entanto, como o próprio José Mourinho manifestou no final do jogo, quatro pontos são recuperáveis”, frisou.
O antigo jogador destacou também a necessidade de o Benfica apresentar mais soluções ofensivas e jogadores com maior versatilidade tática.
“Gostaria que a equipa tivesse mais capacidade ofensiva, mas isso não é responsabilidade apenas dos avançados. Atualmente, a dinâmica do jogo obriga que os jogadores sejam mais cultos, mais multifacetados nas suas funções dentro do terreno de jogo”, explicou.
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Por fim, Simões deixou um alerta sobre as limitações financeiras e estruturais do futebol português.
“Podia existir mais qualidade na frente, mas será que o Benfica tem capacidade financeira para atrair esse tipo de jogadores? Esse é o problema do futebol português, somos exportadores e, muitas vezes, não conseguimos importar atletas com o mesmo valor dos que saíram. Neste plantel, qual foi o critério da escolha? Isso é importante delinear antes de qualquer sistema de jogo”, concluiu o ex-jogador, que somou mais de 440 jogos com a camisola das águias.
Com duas vitórias, dois empates e uma derrota desde a chegada de Mourinho, o Benfica segue no encalço do FC Porto, mas o debate sobre o estilo e ambição da equipa continua bem aceso.
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